segunda-feira, 8 de junho de 2009

Congresso da SBPC debatera pesquisas em genômica na Amazônia

8 junho, 2009 por redacao

Primeiro foi o guaraná, o fruto símbolo da floresta amazônica. Depois, uma bactéria presente em uma diversidade de ecossistemas em regiões tropicais e subtropicais, como a Amazônia brasileira, onde é encontrada em abundância, entre outros ambientes, nas águas e bancos de areia do Rio Negro. Mais recentemente, pesquisadores da região começaram a estudar o genoma – conjunto de genes - e a proteômica – grupo de proteínas - de peixes típicos amazonenses. As avaliações desses projetos iniciais e as perspectivas de pesquisas locais nesta área serão apresentadas na conferência “Genômica na Amazônia”, que será realizada no dia 17 de julho, às 10h30, durante a 61ª Reunião Anual da SBPC - evento que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realiza de 12 a 17 de julho em Manaus (AM).

Em 2002, o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Universidade Federal do Pará (UFPA), juntamente com outros nove centros de pesquisa da região norte do País, formaram a Rede Amazônia Legal de Pesquisas Genômicas (Realgene). O primeiro projeto realizado pelo grupo de pesquisadores da Rede, concluído após quatro anos, foi o sequenciamento do genoma do guaraná, cujos resultados foram divulgados no início do ano passado em uma revista científica internacional de alto impacto na área.

Paralelamente a esse trabalho, diversos grupos de pesquisa em genômica na região amazônica participaram do projeto “Genoma Brasileiro”, criado pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) em 2000, e que inicialmente sequenciou todo o conjunto de genes do microrganismo Chromobacterium violaceum. De grande interesse biotecnólogico, o pigmento produzido por essa bactéria – a violaceína, que lhe confere o nome e a cor violácea característica – demonstra diversas atividades antimicrobianas e fungicidas. Além disso, também tem potencial para a produção de polímeros plásticos biodegradáveis, que podem ter aplicações nas áreas médica e industrial, entre outras.

Novo projeto – Um dos mais novos projetos finalizados pelos pesquisadores da região amazonense foi a análise da genômica e a proteômica das espécies de peixes tambaqui, pirarucu, tucunaré e matrinxã. Integrante do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), o estudo, iniciado em 2007, possibilitou desvendar vias metabólicas – séries de reações químicas que ocorrem em cadeia nas células – para induzir hormônios próprios do pirarucu responsáveis por sua reprodução, e também reconhecer os mecanismos de resistência dessas espécies de peixes. O que pode facilitar a criação e a reprodução deles em cativeiro.

“Essa atividade – a piscicultura - é muito recente na Amazônia. E, mesmo já contando com algum suporte tecnológico, ainda é muito incipiente e baseada no método de tentativa e erro”, conta um dos pesquisadores participantes do estudo, o professor adjunto do Centro Universitário Nilton Lins (Uniniltonlins), Sérgio Ricardo Nozawa.

De acordo com o pesquisador, outros resultados da pesquisa foram o isolamento e caracterização de peptídeos microbianos, de interesse da indústria farmacêutica, nesses peixes, e a descoberta de que o tambaqui apresenta genes inativos para ômega 3 e 6. “Agora, nós pretendemos desenvolver uma projeto para melhorar a quantidade destes ácidos graxos nestes peixes”, revela Nozawa.

O pesquisador estima que a Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte), criada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) no final do ano passado, deve impulsionar as pesquisas em genômica na região não só de peixes, mas também de outros organismos presentes no bioma amazonense, como plantas e microrganismos. “Com o auxílio de ferramentas da bioinformática e com o início dos projetos dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), o avanço em genômica e proteômica aqui na região será enorme”, avalia.

Serviço: A palestra do bioquímico Sérgio Ricardo Nozawa acontecerá no dia 17 de julho, às 10h30, durante a 61ª Reunião Anual da SBPC, que será realizada a partir do dia 12 em Manaus (AM), no campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). O evento, cujo tema é “Amazônia: Ciência e Cultura”, contará com 175 atividades, entre conferências, simpósios, mesas-redondas, grupos de trabalho, encontros e sessões especiais, além de apresentação de trabalhos científicos e minicursos. Veja a programação em www.sbpcnet.org.br/manaus.

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