quarta-feira, 3 de junho de 2009

Greenpeace denuncia destruição da Amazónia por grandes marcas mundiais

01.06.2009 - 12h16 PÚBLICO
Algumas das maiores marcas mundiais de alimentação, desporto e beleza estão a destruir a Amazónia. Tudo porque têm como fornecedores de matérias-primas explorações que fazem abates ilegais da floresta tropical, revela hoje a organização ecologista Greenpeace, depois de três anos de uma investigação secreta à indústria pecuária brasileira.

Durante três anos, a Greenpeace seguiu o rasto de carne, cabedal e outros derivados da indústria pecuária saídos de explorações que praticam desflorestação ilegal no coração da Amazónia. Por ano, estima-se que 1,72 milhões de hectares de floresta da Amazónia sejam abatidos pelo sector da pecuária, segundo números da Greenpeace. Segundo dados do Banco Mundial e do Governo brasileiro, 80 por cento das terras desflorestadas na região da Amazónia estão ocupadas por explorações de gado.

A Greenpeace comparou dados de satélite com as licenças de abate de árvores e concluiu que mais de 90 por cento da desflorestação actual é feita de forma ilegal.

O caminho levou a Greenpeace até marcas como Adidas/Reebok, Timberland, Geox, Carrefour, Eurostar, Honda, Gucci, Ikea, Nike e Tesco, revela hoje o relatório “Slaughtering Amazon”.

“Ténis de corrida, refeições já prontas e malas podem ter uma pegada ecológica que inclui a devastação da Amazónia e que poderá estar ligada a casos de abuso dos direitos humanos”, comentou Pat Venditti, coordenador da campanha de Florestas da Greenpeace Internacional. Muitos destes produtos acabam por ser processados e vendidos na China, Estados Unidos, Itália e Reino Unido.

A organização denuncia um consumismo “cego” de matérias-primas. “As empresas devem assegurar-se que os seus fornecedores não são apanhados nesta indústria destruidora. Devem apoiar a protecção do clima ao renunciar à desflorestação”, acrescentou, em comunicado.

Governo brasileiro criticado por fazer pouco contra a crise climática

A organização sublinha a posição do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva que, lembra, tem interesse na expansão da indústria pecuária. Até 2018 prevê-se que a quota brasileira de mercado mundial venha a duplicar. Actualmente, detém partes dos três gigantes pecuários do Brasil – Bertin, JBS e Marfrig -, acusados pela Greenpeace de contribuírem para a destruição de grandes áreas da floresta amazónica.

“A expansão do sector pecuário ameaça deitar por terra a meta do Governo de reduzir a desflorestação em 72 por cento até 2018”, considera a organização. Segundo o Governo de Lula da Silva, estas reduções iriam evitar a emissão de 4,8 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2).

Neste momento, o Brasil é o quarto maior agressor do clima, sendo que a maioria das suas emissões provêm do abate e queima da floresta tropical.

“Ao apoiar a destruição da Amazónia em nome da pecuária, o Governo do Presidente Lula está a desprezar os seus próprios compromissos climáticos, bem como os esforços globais para enfrentar a crise climática”, considerou Andre Muggiati, da Greenpeace Brasil.

Em Dezembro deste ano, o mundo reúne-se em Copenhaga para chegar a acordo sobre o sucessor do Protocolo de Quioto, que expira em 2012. A desflorestação tropical é responsável por cerca de 20 por cento das emissões de gases com efeito de estufa, mais do que todo o sector dos transportes. “Por isso, qualquer novo acordo deve lidar efectivamente com a desflorestação”, considera a organização.

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