domingo, 26 de abril de 2009

Como o Brasil gera energia


qua, 22/04/09
por Aldem Bourscheit |

 Por incrível que possa parecer, até os anos 1970 o Brasil gerava energia basicamente a partir de madeira (florestas nativas e cultivos comerciais) e de seus produtos, como carvão vegetal. De lá para cá, muita coisa mudou e a energia produzida em hidrelétricas e os derivados de petróleo assumiram a dianteira no país.
 
Conforme o Balanço Energético Nacional lançado no ano passado, produzido pelo governo federal sobre dados de 2007, o Brasil tem estrutura para gerar mais de 440 Terawatts/hora de eletricidade. Desse total, 77,5% vêm de hidrelétricas e 8% são importados, seguidos de biomassa (4,5%), gás natural (3,2%), derivados de petróleo (2,8%), nuclear (2,6%), carvão e derivados (1,4%) e eólica (0,1%). Indústria, Transportes e residências são os principais consumidores de energia no país.
 
No entanto, se observada a oferta energética global brasileira, fontes sujas e não-renováveis como petróleo, gás e carvão respondem pela metade do consumido atualmente.
 
Segundo dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a capacidade brasileira para geração de energia elétrica aumentou 2,25% no ano passado, se comparada a 2007. Isso se traduz em 72 novas usinas, gerando 2,158 mil Megawatts. Em 2007, o crescimento foi de 4,2% em relação ao ano anterior. Ainda em 2008, a capacidade de geração hidrelétrica alcançou 102.610 Megawatts, produzidos por 1.994 empreendimentos. Foram acrescidas ao sistema energético mais cinco usinas eólicas, com capacidade de 91,30 Megawatts (MW), 36 Pequenas Centrais Hidrelétricas, com 642,84 MW, duas hidrelétricas com 180 MW, e 29 termelétricas, com 1.243,90 MW.
 
Conforme a também federal EPE (Empresa de Pesquisa Energética), houve crescimento de 5,6% no consumo de energia no Brasil em 2008. O uso de gás natural foi o que mais ganhou força.
 
A matriz geradora de eletricidade é apontada pelo governo como renovável, mas a ampliação da geração hídrica, com barragens de todos os tamanhos, tende a ganhar cada vez mais críticos. Nada parecido com o silêncio social frente ao alagamento das majestosas Sete Quedas, pelo lago da Usina de Itaipu, em 1982.
 
A maioria dos últimos grandes rios barráveis do país se encontra na Amazônia, onde há poucos estudos sobre diversidade biológica e cultural e usinas costumam alagar áreas imensas pela baixa declividade dos terrenos. A região também é vista pelo mundo como peça-chave do equilíbrio climático. No restante do país, quase todos os mananciais de maior porte já tem sua própria barragem, restando ao governo e empreendedores privados plantarem centenas de Pequenas Centrais Hidrelétricas, com impactos ambientais consideráveis em seu conjunto.
 
Organizações não-governamentais não protestam apenas contra o avanço das barragens na Amazônia, criticam duramente todos os planos governistas de expansão energética. Eles podem sujar a matriz energética do Brasil, que já contribui bastante para o aquecimento do planeta, com o desmatamento e as queimadas de florestas em todo o país.
 
Para se ter uma idéia, 40 usinas termelétricas, movidas a carvão ou a óleo combustível, devem passar a operar no Nordeste entre 2010 e 2013. O setor ambiental do próprio governo afirma que dificultará a instalação dessas “usinas sujas”, preferindo agora licenciar usinas hidrelétricas, solares ou eólicas. O licenciamento de termelétricas fica por conta dos estados. Até parece ironia, porque, como já foi dito neste espaço, o país (principalmente no Nordeste) tem mais de 70 mil quilômetros quadrados de regiões com bons ventos, capazes de gerar 272 Terawatts/hora de energia limpa.


Aldem Bourscheit

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