domingo, 26 de abril de 2009

Fronteira avança, temperatura sobe!!!


ter, 31/03/09
por Aldem Bourscheit |

O desmatamento médio oficialmente registrado na Amazônia chega a cerca de 18 mil quilômetros quadrados anuais, ou quase o tamanho de Sergipe. Ele também avança firme sobre o Cerrado, depois de ter devorado cerca de 90% da Mata Atlântica e boas porções de outros biomas. As florestas tombaram no passado e ainda são suprimidas para dar espaço ao crescimento urbano e à ampliação da fronteira produtiva, para abertura de mais lavouras e pastagens. Por enquanto, só há monitoramento constante por satélite sobre o desflorestamento da Amazônia.

Toda floresta consome Carbono para crescer e, quando é derrubada e queimada ou abandonada para apodrecer, como muito se faz no norte do país, esse gás é liberado, elevando o aquecimento do planeta. Por isso, o Brasil é um dos principais contribuintes para esse problema global, sem contar a poluição histórica de países industrializados. Logo, governo e sociedade nacionais devem fazer a sua parte, agindo para reduzir ao mínimo possível as taxas de perdas florestais.

Sendo assim, agricultura, aquecimento global e prejuízos que as mudanças do clima podem causar na produção agrícola estão intimamente ligados. Ainda mais em um país como o nosso, com forte presença do agronegócio no PIB (Produto Interno Bruto).

Os cálculos variam dependendo da fonte, mas a agricultura responde por entre 17% e 32% das emissões humanas de gases que ampliam o efeito estufa e aquecem o planeta. Não só pelo desmatamento que costuma antecedê-la, mas também pelo uso de insumos químicos. A criação de gado também contribui, lançando Metano na atmosfera. Conforme o painel científico da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre clima, em 2005 o setor emitiu até 16,5 gigatoneladas (bilhões de toneladas) de gás carbônico.

O inventário brasileiro sobre mudanças do clima (2004) mostrou que dois terços das emissões nacionais vinham do “uso e da mudança no uso da terra”, majoritariamente de desmatamentos, em todo o país.

Prejuízos - Altamente dependente do clima, a agricultura pode sofrer impactos profundos em produção e lucratividade se as mudanças do clima realizarem tudo o que projetam. Vantagens mesmo, possivelmente só para cultivos em regiões hoje frias. A própria ONU admite que a “segurança alimentar” pode ser prejudicada em disponibilidade, acesso e estabilidade dos suprimentos. Ou seja, o aquecimento global pode trazer falta de comida em certas regiões do globo. E o mundo pode ganhar mais 600 milhões de subnutridos, até 2080.

As brasileiras Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e Unicamp (Universidade de Campinas) fizeram suas próprias projeções, mostrando que a maioria das lavouras nacionais sofrerá com uma temperatura maior. Como foi mostrado no segundo episódio da série Vozes do Clima, a produção de café pode ter sua área reduzida em 10% nos próximos anos e migrar mais para o Sul. Além disso, a soja pode apresentar prejuízos de mais de 20%, até 2020. Enquanto isso, para esse mesmo período, projeta-se um crescimento de 160% na área plantada com cana-de-açúcar, principalmente sobre o Cerrado.

Nos próximos anos, o Brasil deve se manter entre os maiores produtores mundiais de grãos e de carne. E com planos para ampliar certas lavouras. Essa posição, no entanto, dependerá cada vez mais de adaptações à realidade climática, de boas doses de tecnologia e de práticas sustentáveis na produção, que evitem mais emissões de gases que estão aquecendo o planeta. É preciso “descarbonizar” o agronegócio, reduzindo a emissão ou atuando para que absorva Carbono e outros poluentes. Caso contrário, o prejuízo será de todos.

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