sábado, 23 de maio de 2009

Cidade de Maués (AM) quer selo para combater 'guaraná pirata'

Semente é usada para bebidas, cosméticos e remédios.
Certificado irá garantir que produto vem da Amazônia.

Iberê Thenório Do Globo Amazônia, em São Paulo

As sementes de guaraná produzidas em Maués, no Amazonas, podem ganhar um selo de exclusividade. Esse é o projeto dos agricultores da região, que querem obter um registro de indicação geográfica, semelhante ao que há hoje para o champanhe, na França.

Foto: Cleferson Barbosa/Stock.XCHNG

Semente do guaraná produzida em Maués é vendida para a produção de bebidas, cosméticos e fitoterápicos. (Foto: Cleferson Barbosa/Stock.XCHNG)

O objetivo dos produtores é agregar valor ao guaraná e garantir que as sementes produzidas fora da Amazônia não sejam vendidas como se viessem de lá. “A qualidade do guaraná de Maués é diferente. Ele contém mais cafeína e tudo nele é feito de forma artesanal: o plantio, a colheita, a torrefação nos fornos de barro, tudo feito pelos caboclos e pelos [índios] saterés”, garante o prefeito da cidade, Miguel Paiva Belexo.

Segundo ele, há no local cerca de 2.500 famílias que vivem da produção de guaraná, que é uma das principais fontes de renda do município.



Um tipo de certificação que já começou a trazer renda extra para a região foi a criação de um selo para o guaraná produzido de forma orgânica. “Temos mais de 90 produtores com selo. Ele garante que não são usados agrotóxicos, que é feita uma adubação orgânica com biofertilizantes”, afirma o prefeito.

“Quando não tínhamos a certificação, o quilo do guaraná custava R$ 13. Com o orgânico, alcançamos R$ 44 o quilo. Nenhum produto em grãos in natura que conheço por aqui chega a esse preço”, argumenta.

O certificado de que o guaraná provém da Amazônia é especialmente interessante para a indústria de refrigerantes, que utiliza matéria-prima da região. Os fabricantes poderiam estampar frases e logotipos em seus rótulos garantindo a qualidade da bebida.

Processo longo


Conseguir um selo de indicação geográfica não é uma tarefa simples. No Brasil, esse tipo de certificado é concedido pelo Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). O órgão exige que os produtores se organizem e provem que a mercadoria possui características exclusivas. Além disso, eles têm que garantir produção com qualidade uniforme, além de mostrar que são capazes de atender ao mercado com regularidade.

Se todos os quesitos forem cumpridos, o guaraná de Maués poderá alcançar o status conferido ao vinho do Vale dos Vinhedos, ao café do Cerrado de Minas Gerais ou à cachaça de Paraty, que já conseguiram a certificação no Inpi.

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