sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ambiente: Autarcas e ambientalistas contestam poluição nos rios internacionais portugueses.

Lisboa, 19 Jun (Lusa) - A qualidade da água dos rios internacionais está a preocupar autarcas e ambientalistas portugueses das zonas raianas, que reclamam mais atenção e cuidados do lado de lá da fronteira espanhola.

Os problemas motivaram já, no caso do Tejo, uma manifestação a realizar sábado em Espanha, que junta ambientalistas e cidadãos dos dois países para alertar as autoridades espanholas para os problemas que o rio enfrenta.

Mas em Trás-os-Montes, o presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Manuel Rodrigo, também confirma que têm tido "problemas" com a poluição vinda de Espanha para o rio Douro.

"A água vem bastante poluída", disse à Lusa o autarca social-democrata, que é também membro da Associação Ibérica de Municípios Ribeirinhos do Douro.

Segundo o autarca, "até há pouco tempo, em Espanha só era obrigatório haver estações de tratamento de águas residuais (ETAR) em aglomerados com mais de 20 mil habitantes. Nos restantes os esgotos são todos descarregados nos rios, nomeadamente no Douro e afluentes".

Miranda do Douro é o concelho onde o Douro Internacional entra em Portugal e a maior parte da sua população é abastecida com água do rio, uma situação que, segundo o autarca, "não tem causado problemas".

Manuel Rodrigo assegurou que as duas estações de tratamento de água (ETA) junto às duas captações que abastecem o concelho têm-se revelado suficientes para garantir que a água chega tratada às populações.

A nível ambiental, Manuel Rodrigo considera que as consequências também não têm sido de maior porque é uma zona classificada como área protegida em ambas as margens do Douro Internacional.

"Aqui, não há descargas muito poluentes como acontece noutras regiões de suiniculturas e outras explorações", declarou, considerando que têm-se sentido pequenas melhorias na gestão dos esgotos domésticos.

"Já há pequenos aglomerados populacionais, em Espanha, que estão a investir no tratamento das águas residuais, o que está a contribuir para melhorar a situação", disse.

Mais a sul, no Guadiana, as críticas repetem-se, agora pela voz do núcleo regional da associação ambientalista Quercus em Portalegre.

A qualidade da água, quando entra em Portugal pela região fronteiriça do Caia, no concelho de Elvas, "não é boa", sustentou o ambientalista Nuno Sequeira.

"Do lado de Espanha não há tratamento das águas residuais, a agricultura intensiva que se pratica na região da Estremadura e a descarga de resíduos urbanos, entre outras matérias, têm destruído a qualidade da água", explicou.

De acordo com Nuno Sequeira, a Quercus mostra-se "preocupada" com este problema e lamenta que não seja implementada por parte das entidades que controlam o rio uma "monitorização" adequada.

"A Quercus tem vindo a alertar as autoridades portuguesas para que alerte as entidades espanholas para este problema, mas até ao momento não há resposta para o problema", declarou.

No entanto, mais a norte, no rio Minho, a situação não tem sido pacífica, como explicou o presidente da Câmara de Melgaço, Rui Solheiro, recordando que, anos atrás, a qualidade das águas que chegavam de Espanha era "bastante má", mas entretanto a situação "melhorou substancialmente".

"Tem sido feito, nos últimos anos, um grande investimento no lado espanhol para evitar a poluição do rio, e, actualmente, a situação já é bastante satisfatória", disse à Lusa Rui Solheiro.

HFI/VCP/HYT/PJA.

Lusa/Fim

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