quarta-feira, 3 de junho de 2009

Combate ao crime ambiental terá reforço

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Construções irregulares e desmatamento são principais crimes contra a natureza na Serra do Araripe (Foto: Elizângela Santos)

Aumento do quadro funcional e nova sede vão assegurar à Semace mais apoio para combater o crime ambiental no Cariri

Juazeiro do Norte. As ações de combate aos crimes ambientais, principalmente desmatamentos e construções irregulares em áreas verdes da região do Cariri, serão fortalecidas com a nova sede do Escritório Regional da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) e ampliação do quadro funcional. Ontem, começou a ser dado o ponta pé inicial, com o início das obras que fazem parte do complexo do Parque Estadual do Sítio Fundão, em Crato, numa área de conservação ambiental de cerca de 93 hectares, onde também terá uma sede da Companhia de Polícia Militar Ambiental (CPMA). A assinatura da ordem de serviço foi efetivada pelo governador Cid Gomes, na abertura da Semana Nacional do Meio Ambiente.

Segundo o superintendente da Semace, que deixará o cargo ainda esta semana, Herbert de Vasconcelos Rocha, o governador já assinou a lei que cria 111 cargos para o órgão. De todos esses cargos, haverá uma regionalização das sedes, com a unidade piloto, que passou a funcionar no Cariri em 2007. A oferta de pedido de licenciamento ambiental era uma demanda da área empreendedora na região. O trabalho efetivo passou a ser feito com maior rigor, em obediência à legislação ambiental. Tanto que muitos crimes ambientais estão relacionados com construções em áreas irregulares, a exemplo das zonas de encostas e nas proximidades de açudes.

Também funcionarão outras sedes em Quixadá, na área de monumentos dos monólitos naturais, e a outra em Ipu, no Parque das Águas do Rio Ipuçaba, com as mesmas características do Crato, todas em unidades de conservação. Todas essas sedes também vão cuidar de uma determinada região. Na região do Cariri, o escritório corresponde a uma área que integra 52 municípios cearenses.

O gerente regional do Escritório da Semace, Josa Melo Neto, afirma que a nova estrutura vem atender a uma demanda de denúncias contra crime ambiental na região. “Com esse aumento do quadro de funcionários e a nova sede da Semace, além da criação do Parque Estadual, as nossas ações serão mais amplas na região”.

Josa Melo diz que as denúncias relacionadas aos crimes ambientais são principalmente de desmatamentos e construções em áreas irregulares. Nos dias 11, 12 e 13, foi feito um sobrevôo em toda a Bacia do Salgado. Um relatório sobre os resultados foi enviado para a Semace, Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Estado (Cogerh) e Ministério Público. As fiscalizações que não foram feitas por via aérea, continuam sendo efetuadas por terra, por meio de um trabalho parceiro com os agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); nas áreas dos açudes, com os funcionários da Cogerh e também acompanhamento do Ministério Público. Conforme o gerente regional, a parceria tem favorecido o combate aos crimes ambientais e fortalecidas as ações.

Memorial temático

A preservação do ambiente do Parque Estadual do Sítio Fundão será iniciada com as construções em clareiras, sem que sejam derrubadas árvores nativas. Haverá a recuperação do engenho, todo feito com engrenagens de madeira, e da casa do ambientalista e antigo proprietário da área, Jéferson de Franca Alencar.

Segundo o superintendente da Semace, Herbert Rocha, que deu uma aula explicativa no lançamento do projeto, vai ser construído um memorial, onde a história de Jéferson Alencar se confunde com a história do próprio sítio. O proprietário tinha um cuidado com as crianças que iam até o local caçar com baladeira, e pedia para colocar no lixo em troca de uma fruta. No memorial haverá um local que fará referência a esse gesto, por meio de uma simulação. “Quando a criança coloca a baladeira no lixo, aparece um painel com uma fruta da região e do sítio. Algumas nativas e outras exóticas que foram introduzidas na área”, explica.

As engrenagens do engenho serão todas recuperadas. Haverá uma coleção de revistas ambientais no local. Ainda no começo do século passado, o proprietário recebia revistas que tratavam de ecologia.

O projeto todo, segundo o superintendente da Semace, será dividido em tempos. O primeiro, “tempo da pedra”, perfazendo a história da deriva dos continentes.

Depois virá o “tempo das águas”, os lagos de água salgada e água doce serão enfocados, mesclando as lendas, a exemplo da pedra da fonte da Batateira, em que o pajé revoltado com a ocupação do homem branco, colocou uma enorme pedra numa fonte do Rio Batateira. Esse mito será contado em cordel.

Em seguida, vem o “tempo dos vegetais”, em que será mostrada a parte do engenho, da cultura da cana-de-açúcar, as espécies nativas e as que foram introduzidas na região, o uso da madeira, já que o engenho é feito de engrenagens de madeira e a intervenção do homem ao longo do tempo. “Nessa parte será mostrado com maior intensidade a figura do ambientalista Jéferson Alencar”, ressalta Herbert. O trabalho de pesquisa na área vem sendo feito de forma colaborativa, com equipe museológica.

Mais informações:

Escritório Regional da Semace
Rua Cel. Secundo Chaves, 255, Centro, Crato (CE)
(88) 3102.1288
(85) 8814.8374


ELIZÂNGELA SANTOS
Repórter

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