quinta-feira, 25 de junho de 2009

Embrapa apresenta tecnologias para produção sustentável de leite na Amazônia

O uso de tecnologias pode ajudar grandes e pequenos produtores de gado leiteiro

Daniel Medeiros -
O uso de tecnologias pode ajudar grandes e pequenos produtores de gado leiteiro na Amazônia a terem maior lucratividade sem a necessidade de abertura de novas áreas de floresta. É o que mostram os pesquisadores da Embrapa Rondônia que participam da segunda rodada do Mutirão Arco Verde – Terra Legal, que acontece no município de Nova Mamoré, na fronteira com a Bolívia, em Rondônia.


Técnicas que vão desde o simples controle da higiene na ordenha manual a recursos avançados de genética do rebanho podem fazer da produção de leite na Amazônia mais rentável e racional. A lógica que está por traz das pesquisas desenvolvidas é simples: criar animais altamente produtivos em pequenas áreas, gerando baixo impacto no meio ambiente, de acordo com a legislação. Para arrematar, cuidados com a qualidade do leite agregam valor ao produto e, como consequência, aumentam a rentabilidade.

“O sistema fica mais funcional e sustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental”, conclui o médico veterinário Marivaldo Figueiró, da Embrapa Rondônia, que apresenta a palestra “Manejo de rebanho leiteiro / higiene na ordenha e promoção da qualidade”, no próximo sábado, dia 27, em Nova Mamoré. Recuperação de pastagens e práticas de manejo e uso da terra também serão tratados por pesquisadores da Embrapa durante o Mutirão.

Utilização correta da pastagem

Um dos pontos fundamentais para a sustentabilidade do sistema é a utilização correta das pastagens. De acordo com a pesquisadora Luciana Gatto Brito, da Embrapa Rondônia, o modelo tradicional de pecuária praticado no Brasil causa, de maneira geral, progressivo empobrecimento dos pastos. O processo pode desencadear uma busca contínua por capins de alto desempenho, sem a consciência de que a verdadeira causa da queda na produtividade está, na maioria dos casos, relacionada à fertilidade dos solos e ao manejo incorreto das pastagens.

Uma solução para este problema é a prática do pastejo rotacionado. O sistema consiste na divisão da pastagem em piquetes, ocupados pelos animais em diferentes momentos . Enquanto um piquete é utilizado, os demais ficam em descanso. Dessa forma, o capim se recupera até chegar ao estágio mais nutritivo, o solo fica um tempo sem o pisoteio, os animais gastam menos energia para se alimentar por conta da área reduzida e existe uma melhor distribuição das fezes.

O resultado prático que se observa em propriedades que adotam esta tecnologia é um aumento de até 25% na produção de forragem, sem uso de adubação nitrogenada. Por falar em nitrogênio, a utilização de plantas leguminosas na pastagem é outro recurso importante para a criação de gado leiteiro. Isso porque pastagens com este tipo de planta fixam nitrogênio no solo e contribuem para a fertilidade. Como alimento, as leguminosas são também fontes de proteína para os animais.

Qualidade do leite

Além das tecnologias para pastagem, os pesquisadores da Embrapa Rondônia abordam outro aspecto de extrema importância para o produtor, que é a qualidade do leite. Serão explicados os principais procedimentos definidos na Instrução Normativa n° 51 (IN 51), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

O documento busca padronizar a qualidade do leite no Brasil e estabelece procedimentos para o monitoramento de doenças do rebanho. O teste de Contagem de Células Somáticas (CCS) é utilizado como indicador da saúde dos animais, em especial quanto à presença ou não de mastite, uma inflamação da glândula mamária que afeta os bovinos.

A Contagem Bateriana Total (CBT) é outro indicador importante estabelecido pela IN 51 e mostra a higiene na ordenha e a velocidade de resfriamento do leite. O regulamentação tornou obrigatória a refrigeração do leite e seu transporte granelizado até a plataforma do laticínio. Os mecanismos visam garantir que o leite chegue saudável até o consumidor.

O mutirão Arco Verde – Terra Legal é um esforço integrado de 13 ministérios, autarquias, empresas públicas e governos estaduais e municipais para legalizar as atividades econômicas nos 43 municípios com altos índices de desmatamento na Amazônia Legal e propor alternativas sustentáveis de desenvolvimento. Foi lançado oficialmente no último dia 19 e parte para a segunda rodada de atividades neste final de semana. A Embrapa Rondônia, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao MAPA, participa do Mutirão nos quatro municípios beneficiados no Estado de Rondônia.


Embrapa Rondônia

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