sexta-feira, 19 de junho de 2009

PARQUE ECOLÓGICO............ Lagoa da Fazenda está em total abandono

Inaugurado em 1993, o Parque Ecológico Lagoa da Fazenda já foi ´point´ de encontro em Sobral. Hoje, está abandonado

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Matagal toma conta das instalações do Parque Ecológico. Restaurante Brisa da Lagoa fechou as portas (Foto: Wilson Gomes)



Sobral.
O Parque Ecológico Lagoa da Fazenda, que antes era considerado um ponto de lazer para os habitantes de Sobral, se encontra hoje em total abandono. A situação da área de quase 20 hectares é de causar indignação. Além da falta da cerca de proteção no entorno da lagoa, as pessoas que utilizam aquela área para o cooper estão vulneráveis aos assaltos. “Vi uma senhora que caminhava na minha frente ser assaltada, pensei em ajudá-la mas tive medo porque o outro bandido me observava”, disse o chaveiro Carlos Alberto, que freqüentemente passa pela lagoa.

Há cerca de dez anos, o local era um dos mais badalados da cidade, o chamado “point”, onde os jovens buscavam os quiosques instalados ali para beber, conversar, paquerar e manter encontro com os amigos. Passados os anos, o poder público abandonou a Lagoa da Fazenda, e as indústrias, para completar o quadro de descaso, continuam contaminando as suas águas com produtos químicos. “Quase que diariamente a gente se depara com funcionários de fábricas instaladas aqui próximo despejando dejetos dentro da lagoa”, denuncia a moradora Dória Alves.

O quadro de abandono é também formado pelo matagal na área. Aumenta a quantidade de plantas aquáticas que cobrem o espelho d’água, formando o fenômeno da eutrofização (em decorrência da grande quantidade de matéria orgânica na água, provavelmente originária de esgotos, o ambiente favorece a proliferação dessas plantas).

Até o prédio do antigo restaurante Brisa da Lagoa, onde foi implantado um dos play-grounds, foi coberto pelo mato. Hoje o local é ocupado por delinqüentes que atuam na área. “Tenho enfrentado problemas, não só com a poluição da lagoa, mas com o quadro de abandono. Os clientes que vêm aqui demoram pouco por causa das muriçocas. Afora os delitos que acontecem nesta região”, reclamava Jânio Martins Vasconcelos, proprietário do Restaurante Lagos, o único que resistiu ao tempo.

Sem policiamento

Os pedestres que procuravam o calçadão do parque para a prática de cooper, quase não aparecem mais, porque o local, além de impróprio pelo mau cheiro que exala de seus pântanos, não oferece mais a mínima segurança. “No ano passado, ao final do dia, existia uma dupla de policiais que ficava vigiando aqui pela lagoa, mas eles desapareceram”, disse Vasconcelos.

A reportagem buscou esclarecimentos junto à Prefeitura de Sobral que, por meio de sua Assessoria de Imprensa, informou que o problema do abandono da área verde deve ser tratado diretamente com o Governo do Estado. “Esse problema é para ser tratado com os órgãos do Estado por se tratar de uma área de responsabilidade do Governo do Estado”, esclareceu Rubens Lima, da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sobral.

Porém, o coordenador do Controle e Proteção Ambiental da Semace, Arilo Veras, afirma que, desde a construção do Parque Ecológico, o município ficou responsável pela manutenção e conservação do complexo. “A obra de construção do parque, no total, ficou a cargo do Governo do Estado. Findadas as obras, ficou o município de Sobral responsável pela manutenção de tudo construído no local, inclusive o Ginásio Poliesportivo”, afirmou.

Poluição

Sobre a poluição das águas da lagoa pela indústrias sediadas no município, o secretário de Habitação e Saneamento de Sobral, Osmany Parente, disse que, diariamente, fiscais da Prefeitura fazem trabalho de monitoramento na área, buscando evitar a poluição. Inclusive, orientando aos moradores para não jogarem lixo no espelho d’água. Ele disse desconhecer os casos de poluição provocados diretamente por indústrias e que as denúncias sobre o problema devem ser encaminhadas diretamente para a Secretaria Municipal, que buscará as medidas cabíveis para solucionar os casos.

Casa de campo

O Parque Ecológico da Lagoa da Fazenda está encravada na Fazenda dos Macacos, residência do coronel Antônio R. Magalhães e de sua mulher Quitéria Marques de Jesus. O local foi, inicialmente, cortado pela Estrada da Bethânia, construída por dom José Tupinambá da Frota para dar acesso à sua casa de campo.

Por muitos anos, a lagoa permaneceu sendo ponto de lazer dos habitantes de Sobral, que vinham se beneficiar da amena aragem do lugar e contemplar os perfumados aguapés do reservatório. Na gestão do Prefeito Jerônimo Prado, foi feita na lagoa a canalização para escoamento dos esgotos. Com o considerável aumento de ligações clandestinas, o reservatório sofreu um processo de poluição.

Durante o governo Tasso Jereissati, 1987-1990, foram iniciadas obras de recuperação, saneamento e urbanização do local, transformado em Parque Ecológico Lagoa da Fazenda. Sua inauguração aconteceu em outubro de 1993, já no governo Ciro Gomes. O parque ocupa uma área de 19,2 hectares. Agora, é esperar para ver qual governo assumirá o ônus.

Mais informações:

Prefeitura Municipal de Sobral
Secretaria do Planejamento Urbano e Meio Ambiente
Rua Viriato de Medeiros, Centro
(88) 3677.1180


WILSON GOMES
Colaborador

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