quarta-feira, 15 de julho de 2009

Brasil não tem plano a longo prazo para amenizar emissões de CO2

Estudo feito a pedido da ONG WWF avaliou o desempenho em 2008 dos países do G8 e do G5 no que diz respeito às questões climáticas

Mariane De Luca | São Paulo (SP) Atualizada às 20h11min

Apesar de as metas de redução do desmatamento estarem avançadas, o Brasil ainda não tem um plano de longo prazo para amenizar os impactos das emissões de gases de efeito estufa. Essa foi uma das conclusões de um relatório lançado pela organização não governamental (ONG) WWF e que foi apresentado nesta quarta, dia 15, em São Paulo. As consequências da produção de biocombustíveis para a expansão da área agrícola do Brasil e as mudanças climáticas também foram estudadas.

O estudo feito por uma empresa alemã a pedido da WWF avaliou o desempenho em 2008 dos países do G8 e também dos cinco países em desenvolvimento que integram o G5 no que diz respeito às questões climáticas.

No G8, os destaques positivos ficaram com a Alemanha, o Reino Unido e a França. Os três países, embora estarem longe de atingir o que foi acordado em Kyoto, são os que melhor têm trabalhado nas questões climáticas, de acordo com o documento.

Em seguida ficaram a Itália e o Japão, países onde, apesar de as emissões não serem tão altas, não há políticas adequadas sobre clima. A Rússia e o Canadá tiveram desempenho ruim tanto nas emissões quanto nas metas. Já os Estados Unidos saíram do último lugar em função dos planos referentes às mudanças climáticas trazidos pelo novo governo.

Entre os países em desenvolvimento, o Brasil está em quarto lugar nas emissões de CO2. Os representantes da ONG disseram que o país caminha bem para cumprir a meta de reduzir o desmatamento em 70% até 2017. Porém, eles lembraram que as emissões aumentaram em 47% entre 1990 e 2006.

A analista do Programa de Mudanças Climáticas e Energia da WWF, Karen Suassuna, ressaltou que a crise climática é mais séria e perigosa do que a crise financeira global. A WWF estima que em 2015 os países vão ter que investir US$ 160 bilhões por ano em planos e tecnologias de combate aos efeitos das mudanças do clima.

Uma das formas de reduzir os efeitos causados pelas emissões de CO2 é utilizar fontes de energia renováveis, como os biocombustíveis. O Brasil usa a cana-de-açúcar no caso do etanol, e a soja no caso do biodiesel. A WWF também fez um estudo para avaliar os impactos do aumento da demanda de biocombustíveis no futuro.

Segundo a organização não governamental, o Brasil teria que produzir 14 milhões de hectares a mais de soja e dois milhões de hectares a mais de cana para dar conta da demanda. A questão é como fazer isso sem desmatar.

A solução, de acordo com a WWF, é usar áreas já desmatadas, como as pastagens degradadas. Se isso não for feito, o risco seria avançar em 10 milhões de hectares de cerrado, o que, segundo a ONG, significaria perder um bioma que é ecologicamente muito importante.

De acordo com a WWF, a vegetação de cerrado é a mais ameaçada pelo desmatamento e representa apenas 3% do sistema nacional de áreas protegidas. Segundo o estudo, a tendência é que os biocombustíveis sejam produzidos em áreas de pastagens degradas de regiões que já possuem desenvolvimento agrícola como o Mato Grosso, Bahia, Piauí, Maranhão e Tocantins.

CANAL RURAL


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