quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


WWF lança campanha para salvar tigres



A organização ambiental WWF lançou hoje uma campanha mundial para proteger os tigres. Eles que, actualmente, são a espécie mais ameaçada do mundo. O objectivo é aumentar para o dobro o número destes animais selvagens.
Com o início do Ano do Tigre na China, a organização ambiental WWF lançou em Katmandu uma campanha global para dobrar o número de tigres em liberdade para o próximo Ano do Tigre, em 2022.


O número de tigres selvagens no planeta chega atualmente a 3.200, frente aos 7.700 do início da década de 1990, segundo a WWF. O diretor da entidade no Nepal, Anil Chitrakar, afirmou no ato de lançamento da campanha que "o Nepal é um lugar de passagem do tráfico ilegal de partes do tigre", que vêm da Índia e são comprados na China.




Entre 60 e 65 tigres são caçados todo ano na Índia, país com a maior população de tigres selvagens --cerca de 1.500, segundo dados de Diwarkar Chapagain, analista da WWF.


Esses felinos podem ser encontrados em liberdade basicamente em 13 países: Índia, Nepal, China, Rússia, Camboja, Laos, Bangladesh, Vietnã, Malásia, Butão, Tailândia, Mianmar e Indonésia.


O grupo ecologista constatou que um país sozinho não pode lutar contra a caça ilegal de tigres e pediu ao governo nepalês que faça acordos com a Índia e a China para frear o tráfico.


Na China, existe a crença de que partes do tigre como os ossos têm propriedades medicinais e servem para curar o reumatismo e a dor de cabeça, ou até podem atuar como afrodisíacos. "Comprovou-se cientificamente que isto não é verdade", sustentou Chitrakar.


Pobreza
Embora um tigre morto possa ser vendido por até US$ 35 mil, os caçadores às vezes recebem apenas US$ 200, segundo a WWF.


"O motivo principal pelo qual os caçadores furtivos matam tigres é a pobreza", lembrou durante o ato o advogado Prasanna Yonzon.


Além da caça furtiva, a perda do habitat é outro dos grandes fatores que contribuíram para a queda na população de tigres selvagens.


Segundo a WWF, desde 1998, o último Ano do Tigre, os animais foram privados de 40% de seu habitat.


"Os tigres vêm ao nosso povo e matam cabras", lamentou Buddha Tamang, um aldeão de 14 anos que vive no sul do Nepal. "Quando os tigres não conseguem comida, atacam as pessoas", continuou o adolescente, no evento que serviu para que defensores dos animais trocassem impressões.


Outros três jovens do sul de Nepal compartilharam suas experiências. Eles se viram cara a cara com um tigre, sinal de que o conflito animal-homem aumenta quando os felinos perdem seu território.


No Nepal, há 121 filhotes de tigre, segundo o censo oficial elaborado em 2009.


Putin
Os esforços globais para salvar o tigre se intensificaram nos últimos meses, especialmente pelo interesse pessoal do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin.


Em setembro ocorrerá na Rússia uma cúpula internacional para recuperar a cada vez mais exígua população de tigres selvagens na Ásia.


Os conservacionistas avaliam a China como um dos países-chave para que o esforço global tenha resultados.


A China proibiu o comércio com partes do tigre em 1993, mas ele continua. No gigante asiático, há cerca de 6.000 felinos em cativeiro, algo que, somado às brechas legais, pode contribuir para o comércio ilegal de suas partes, segundo os analistas.


"Isso põe ainda mais em perigo os tigres selvagens, porque uma provisão sustentada de partes de tigres cativos pode alimentar a demanda de partes dos tigres selvagens", denunciou a WWF.


Agência EFE

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