quinta-feira, 29 de abril de 2010

Intimidações e ameaças rondam imprensa da Amazônia

Jornal do Acre deixa de publicar matéria por suposta intimidação da PM. Governo derruba casas e policiais intimidam jornalistas



SÃO PAULO – A jornalista Ana Paula Batalha, repórter e subeditora do jornal A Tribuna, do Acre (AC), diz ter sido vítima de intimidação por parte de agentes da Polícia Militar (PM) do estado. Segundo ela, no último sábado (24), PMs foram à redação do veículo alertar sobre reportagem que sairia na edição de domingo da publicação, envolvendo o subcomandante da corporação, coronel Paulo César Rocha Santos.



A matéria – feita por Ana Paula – questionava a participação do subcomandante na campanha eleitoral do deputado estadual Taumaturgo Lima (PT). De acordo com a matéria, o oficial teria utilizado um evento da corporação para pedir votos para o parlamentar.



Na sexta-feira (23), dois dias antes da publicação da matéria, Ana Paula entrou em contato com o subcomandante para apurar a veracidade da denúncia. Cinco sargentos negaram que o subcomandante tivesse usado o carro da corporação para fazer campanha do deputado petista.



De acordo com Ana Paula, um dia depois, policiais à paisana foram até a redação do jornal, para alertar sobre a matéria que seria veiculada. Uma fonte disse ao Portal IMPRENSA que a conversa foi feita junto à direção de A Tribuna.



Após a visita dos policiais, a matéria foi engavetada pelo jornal. O jornalista Fábio Pontes, do veículo A Gazeta e namorado de Ana Paula, informou que será encaminhada denúncia ao Sindicato dos Jornalistas do Acre (Sinjac), pedindo apoio na divulgação do caso.



O subcomandante afirmou à reportagem que policiais não foram até a redação do jornal. Paulo César disse desconhecer o motivo que fez com que a matéria não fosse publicada. "Estou me sentindo oprimido, sem o direito de resposta. Não tive participação nenhuma no processo de retirada (da reportagem)", disse.



O coronel ainda afirmou que, quando ouvido pela repórter, pediu apenas que ela entrevistasse mais fontes na apuração dos fatos.



No Acre, os jornalistas reclamam que há censura prévia de matérias a serem publicadas nos jornais, rádios e na emissoras de TV. "Se não tiver o aval do governo, não sai nada", revela uma jornalista à Agência Amazônia. No início do governo petista no Acre um assessor do governo passava diariamente nas redações para averiguar o conteúdo dos veículos de comunicação. "teve época em que o espelho do jornal chegava a ser levado até ao assessor de comunicação", diz outro jornalista.



As intimidações chegam às raias do absurdo. recentemente, uma jornalistas – ele trabalha emm veículo local e utiliza o microblog Twitter – foi aconselhado a "maneirar" nos seus comentários. "Avisaram-se que o governo está incomodado", conta ele. "Para mim, aquilo foi uma ameaça". O mesmo jornalista conta ainda que é comum assessores do governo ligaram para a redação para impedir a publicação de matérias que incomodam o governo estadual. "Aqui o patrulhamento é intenso. Parece a Gestapo dos tempos do Hitler", desabafa uma jornalista.


Fonte: Agência Amazônia



Autor: Agência Amazônia

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