quinta-feira, 29 de abril de 2010

Lançamento da embalagem Bag-in-Box agrava ainda mais o problema das sacolas plásticas

É nítido que houve um aumento importante no interesse da sociedade em relação ao tema sustentabilidade. Hoje, no mundo, empresas que se dedicam a causas sócio-ambientais são cada dia mais admiradas e é inegável a contribuição de muitas indústrias e entidades para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e do planeta.

Este impulso na conscientização ambiental tem levado as mudanças de hábitos, e uma delas que segue em evidência é com relação ao uso de sacolas plásticas, infelizmente o material ganhou mercado porque não tem concorrência, diante de seu pequeno custo e sua utilização ainda é muito difundida no Brasil, o que tem trazido sérios problemas ecológicos e de reciclabilidade.

Em todo o mundo são produzidos, em média, 500 bilhões de unidades a cada ano, o equivalente a 1,4 bilhão por dia ou a 1 milhão por minuto. No Brasil, 1 bilhão de sacolas são distribuídas nos supermercados mensalmente – o que dá 66 sacolas por brasileiro ao mês.No total, são 210 mil toneladas de plástico filme, a matéria-prima das sacolas, ou 10% de todo o detrito do país.

No combate a este problema, hoje, mais do que nunca, existem grandes esforços e campanhas nacionais e internacionais para reduzi-las ou substituí-las, principalmente por materiais de fontes renováveis ou biodegradáveis.

Enquanto a maioria caminha nesta nova investida - a tendência ao banimento das sacolas plásticas é mundial - algumas empresas insistem em se manter na contramão. É o caso de duas empresas que em parceria desenvolveram recentemente para o mercado brasileiro de refeições coletivas uma embalagem intitulada “Bag-in-Box”. O problema deste lançamento é que a maior vilã do momento - a sacola plástica – aparece “disfarçada” dentro de uma caixa de papelão.

Trata-se de uma embalagem mista usada para envase de óleo de soja, cujo saco plástico que fica em seu interior pesa 122 gramas - peso equivalente a 46 sacolas plásticas de supermercados. Este resultado é a comprovação de que este modelo de embalagem é poluente e contribui aos milhões de toneladas de sacolas plásticas descartadas como lixo urbano.

Para agravar ainda mais, o saco plástico do “Bag-in-Box” após sua utilização conserva os resíduos de óleo e por esse motivo apresenta um processo crítico de reciclagem devido à dificuldade de limpeza, sem contar que o plástico leva, pelo menos, 300 anos para se decompor. Contudo, a capacidade de reciclar o material plástico é limitada. A qualidade do material se reduz a cada nova reciclagem, até não ser mais apto ao reprocessamento.

Portanto, é bom frisar mais uma vez que é uma embalagem agressiva ao meio ambiente e, inclusive, enganadora, pois omite a informação de ter um saco plástico de espessura extremamente “grossa” em seu interior, destacando somente a caixa de papelão e os benefícios da mesma.

Além disso, a “Bag-in-Box” foi desenvolvida para disputar mercado com a lata de aço, a qual, segundo afirmam os especialistas, é 100% reciclável e degradável, além de ter valor comercial como sucata.

Claro que as embalagens não existem para serem inimigas da ecologia. Mas quando todos lutam para reduzir a utilização de embalagens que levam muito tempo para se degradar – como o saco plástico – optando por embalagens sustentáveis, passa a ser inadmissível e um retrocesso aceitar passivamente o lançamento de uma embalagem como a “Bag-in-Box”.

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