BP anunciou ontem fracasso de mais uma tentativa de conter a mancha de petróleo que se espalha pelo Golfo do México; responsável pela área na administração Obama admite que derramamento pode continuar por meses e que país se prepara para o pior
Gustavo Chacra - O Estado de S.Paulo
Catástrofe. Navios coletam óleo que emerge para superfície do Golfo do México; substância se concentra no fundo do mar
CORRESPONDENTE/NOVA YORK
A operação denominada "top kill" para conter o vazamento de petróleo no Golfo do México fracassou e autoridades americanas já admitem que o óleo continuará fluindo do fundo do oceano pelo menos até agosto. O governo acrescenta estar "preparado para o pior" no que já é considerado o maior desastre ecológico da história dos Estados Unidos.
A crise atinge diretamente o presidente dos EUA, Barack Obama, que vem sendo acusado de lentidão e mau gerenciamento do processo para eliminar o vazamento. Um parlamentar da oposição já classificou como crime o incidente e a popularidade do líder dos EUA começou a cair. No início, apenas republicanos comparavam o vazamento ao Katrina. Ontem, até articulistas do New York Times, próximo do Partido Democrata, diziam que o episódio será para Obama o equivalente do que foi para seu antecessor, George W. Bush, o furacão que arrasou New Orleans em 2005. Comunidades na costa de Estados pobres, como Lousiana, foram afetadas.
Uma medida de curto e outra de longo prazo começaram a ser implementadas ontem pela British Petroleum (BP), responsável pelo poço, depois de o procedimento de injetar lama no vazamento ter fracassado. A ação imediata visa a colocar uma capa de contenção sobre o vazamento e, através de mangueiras gigantes, levar o petróleo para superfície, onde seria recolhido.
Esta iniciativa traz dois problemas. Primeiro, a BP já tentou utilizar a capa logo após a explosão da plataforma que causou o vazamento e provocou a morte de 11 pessoas em 20 de abril. Segundo a empresa, desta vez pode ser diferente, pois eles teriam corrigido alguns erros que provocaram o fracasso na primeira tentativa.
De acordo com Robert Dudley, diretor executivo da BP, mesmo que a capa de contenção funcione desta vez, continuará vazando petróleo até agosto, quando será implementada uma medida de longo prazo. A empresa petrolífera está cavando dois poços de assistência ao lado do vazamento, com o objetivo de reduzir a pressão. Essa operação é considerada a única que seria capaz de eliminar o vazamento.
"O pior é que teremos petróleo vazando até agosto, quando os poços de ajuda terão sido cavados. E nós estamos preparados para o pior", disse Carol Browner, assessora de Obama para energia e meio ambiente. Ela advertiu que a capa de contenção, se fracassar, poderá elevar em 20% a quantidade de óleo despejada por dia na próxima semana.
"Este é provavelmente o maior desastre ambiental já enfrentado por este país", acrescentou Browner em entrevista para rede de TV NBC ontem, horas depois do anúncio do fracasso do "top kill". O governo americano, temendo resultados ainda mais negativos, ordenou que a BP suspendesse a operação. Os três dias de injeção de lama e componentes sólidos, como bolas de golfe, foram insuficientes para frear o vazamento.
Entre 12 mil e 19 mil barris de petróleo vazam por dia do poço a quase 1,5 km de profundidade, no Golfo do México. Enquanto não há saída definitiva, Estados da costa têm tentado evitar consequências ainda piores, construindo barreiras de areia próximo do litoral e queimando petróleo na superfície.
Consequências
US$ 75 milhões é o valor que a BP pagará de indenização aos Estados Unidos
US$ 760 milhões devem ser usados para conter o vazamento, segundo a BP
11 pessoas morreram na plataforma
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