quarta-feira, 7 de julho de 2010

A importância das florestas em pé na Amazônia.

A floresta Amazônica representa um terço das florestas tropicais do mundo, além de conter 50% da biodiversidade do planeta. O desmatamento na região representa hoje a liberação de 200 milhões de toneladas de carbono por ano (3% do fluxo total global). Conheça abaixo a importância de manter as florestas em pé, baseado na cartilha de mesmo nome publicada pelo IPAM em 2001, com texto de Cláudia Azevedo (Professora da UFPA e então Pesquisadora do IPAM) e fotos de Toby (IPAM) e Edivan Carvalho (IPAM).

IPAM
Serviços Ecológicos
A floresta Amazônica representa um terço das florestas tropicais do mundo, desempenhando papel imprescindível na manutenção de serviços ecológicos, tais como, garantir a qualidade do solo, dos estoques de água doce e proteger a biodiversidade. Processos como a evaporação e a transpiração de florestas também ajudam a manter o equilíbrio climático fundamental para outras atividades econômicas, como a agricultura.

Recursos Hídricos
A região Amazônica tem um papel preponderante no uso múltiplo dos recursos hídricos (água potável, navegabilidade, aproveitamento energético, pesca, lazer, etc). A região Amazônica concentra 20% da água doce do planeta. A manutenção de florestas nas margens de rios evita erosões, assoreamentos e garante alimento para vários organismos aquáticos.


Proteção contra incêndios
As florestas da Amazônia funcionam como grandes barreiras contra incêndios, não deixando que o fogo, que escapa de campos agrícolas e pastagens, se espalhe. A vegetação alta e densa das florestas e sua capacidade de permanecer sempre verde e exuberante, mesmo nos meses de seca, são o segredo deste importante serviço ecológico. O sombreamento da floresta mantém sua umidade e a protege contra os incêndios. O fogo que escapa da agricultura e da pecuária queima cercas, culturas perenes (como cupuaçu e a laranja), plantações florestais e pastagens, causando um prejuízo de mais de R$ 100 milhões por ano à sociedade brasileira. Quando ocorre a exploração madeireira sem os cuidados em reduzir os impactos sobre o ambiente ou as florestas são desmatadas, as “barreiras” florestais gigantes são substituídas por vegetação altamente inflamável e o risco de incêndio aumenta.

Biodiversidade e Biotecnologia
Embora cobrindo apenas 7% da superfície terrestre, a floresta Amazônica contém 50% da biodiversidade do mundo, representando um tesouro inestimável para a humanidade e um grande potencial para o desenvolvimento da biotecnologia. Na floresta encontramos, por exemplo, essências variadas, substâncias para o combate às pragas e para o desenvolvimento de produtos farmacológicos, além de conter um grande potencial para a geração de novas fontes de recursos utilizáveis.

Extrativismo
Cinco milhões de camponeses no Brasil vivem na ou da floresta. Na Amazônia, a extração de produtos não-madeireiros (óleos, resinas, ervas, frutos e borracha), contribui economicamente para a vida de 1,5 milhões de extrativistas. Os recursos florestais, desde que racionalmente utilizados, trazem benefícios econômicos às populações locais, fixam o homem no campo e melhoram sua qualidade de vida.


Populações Indígenas
No Brasil, existem cerca de 300.000 índios divididos em 217 povos e 170 línguas. Apenas 12% das terras do país estão reservadas aos índios. A Amazônia Legal abriga 99% dessas terras e 60% das populações indígenas, as quais dependem da floresta para perpetuarem seu modo de vida e sua cultura. Dos índios amazônicos, 53 grupos ainda não possuem contato direto com os não-índios, indicando a existência de uma riqueza cultural ainda desconhecida. A longa e acumulada experiência dos povos indígenas em relação ao uso dos recursos da floresta é uma fonte de informação valiosa para a ciência e a tecnologia moderna.

Ecoturismo ou Etnoturismo
As belezas naturais e a variedade cultural dos povos da Amazônia podem ser convertidas em benefícios econômicos através do ecoturismo ou do etnoturismo, gerando empregos diretos e indiretos. Segundo a Organização Mundial de Turismo, o ecoturismo cresce 20% ao ano em relação aos 7,5% do turismo convencional. No Brasil, embora essa atividade ainda esteja se desenvolvendo, meio milhão de pessoas praticam ecoturismo, gerando 30.000 empregos diretos e envolvendo 5 mil empresas. Na Amazônia, surpreendentemente, esta atividade ainda é incipiente e pouco explorada.

Exploração Madeireira
A região Amazônica é uma das maiores produtoras de madeira tropical do mundo, já utilizando 350 espécies de árvores para fins comerciais. Aproximadamente 90% da madeira produzida no país vêm da Amazônia. A exploração racional não esgota o recurso, reduz desperdícios e, comparada a agropecuária extensiva, fera o dobro de empregos e paga salário quatro vezes maior. A Certificação Florestal, mecanismo que assegura ao consumidor que determinado produto provém de áreas bem manejadas, incentiva a exploração madeireira de impacto reduzido, a qualificação da mão de obra, trás benefícios sociais e aumento o retorno econômico da atividade.

Agricultura
O incentivo à atividade agrícola em certas regiões da Amazônia é questionável. Na Amazônia, 60% dos solos são pobres, ácidos, encharcados e a umidade excessiva favorece o aparecimento de pragas e doenças. O retorno econômico da agricultura extensiva é de 10% contra 71% da exploração madeireira de manejo sustentável. Grande parte da agricultura familiar na Amazônia, pobre em recursos e tecnologia, persiste baseado nos nutrientes advindos da floresta convertidos através do secular sistema de corte-e-queima. A intensificação da agricultura e a recuperação de áreas abandonadas em certas regiões diminuiria a pressão sobre as florestas.

Pecuária
O retorno econômico da pecuária extensiva na Amazônia é de apenas 4% contra a exploração madeireira de manejo sustentável com desempenho de 71%. Além disto, a relação tributária potencial do setor madeireiro em relação a pecuária extensiva é de 8 para 1. Se o caráter extensivo fosse substituído pelo intensivo, com manejo sustentável dos solos, a pecuária poderia continuar crescendo e as pastagens atuais suportariam o dobro do rebanho, sem a necessidade de aberturas de novas áreas.

Mudanças Climáticas
As florestas da Amazônia funcionam como grandes armazéns de carbono, o qual se encontra estocado nos tecidos vegetais. Quando a floresta é derrubada e queimada, este carbono é liberado para a atmosfera, o que contribui para o aumento da temperatura da Terra devido ao efeito estufa (0,5ºC no último século). Os efeitos associados ao contínuo aumento das emissões de carbono (7 bilhões de toneladas por ano) e de outros gases para a atmosfera, são mudanças no clima, quebra de safras agrícolas e o aumento do nível do mar, o que poderia inundar as cidades litorâneas. As emissões de carbono para a atmosfera provêm da queima dos combustíveis fósseis (75%) e das mudanças no uso da terra (25%), principalmente o desmatamento. O desmatamento na Amazônia libera 200 milhões de toneladas de carbono por ano (3% do fluxo total global). Por outro lado, a Amazônia armazena em suas florestas o equivalente a uma década de emissões globais de carbono.

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