quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Navegação no rio Madeira é retomada com as chuvas.


MARCONDES MACIEL
Da Reportagem
Diário de Cuiabá


A navegação pelo rio Madeira, prejudicada no segundo semestre devido à estiagem prolongada deste ano, está sendo retomada em uma escala maior com o início das chuvas e a melhora no nível do leito. Com isso, duas das grandes tradings do agronegócio – Amaggi e Cargill – já não estão sendo obrigadas mais a desviar rotas para evitar trechos que se encontravam com níveis muito baixos, oferecendo risco de encalhamento às embarcações. No mês de agosto, as duas companhias tiveram dificuldades e uma delas – a Hermasa Navegação da Amazônia, do grupo André Maggi – chegou a suspender temporariamente os embarques temendo problemas como o encalhe das barcaças em alguns trechos do rio Madeira.

Segundo técnicos da Hermasa, o nível do Madeira costuma baixar todos os anos no período da seca, porém em 2010 o nível ficou bem abaixo do previsto.

De acordo com informações da Assessoria de Comunicação do Grupo André Maggi, a navegabilidade está estabilizada e o nível do rio Madeira está subindo lentamente. Lembrou, contudo, que ainda existem alguns pontos onde o nível está muito baixo e exige atenção maior dos operadores.

“O escoamento está fluindo com as dificuldades naturais, porém não chega a comprometer o cronograma de escoamento e entrega dos grãos. Os contratos estão sendo cumpridos normalmente junto aos importadores”, garantiu a fonte.

O grupo André Maggi prevê originar 4,5 milhões de toneladas de soja até o encerramento da temporada 09/10. A empresa realiza 60% de suas exportações pelo rio Madeira, mas parte do total originado pela companhia é consumida no mercado interno.

No ano passado, as exportações do Grupo – um das maiores produtores de soja e milho do Brasil - somaram US$ 1,4 bilhão, de um total faturado pelo grupo de US$ 2,3 bilhões no período, novo recorde de faturamento.

Técnicos da Hermasa avaliam que 2010 está sendo o segundo pior ano de seca na região amazônica. O ano mais crítico, em um período de quatro décadas, foi 2005.

Os produtos agrícolas do Grupo são transportados de caminhão da região noroeste de Mato Grosso (Sapezal, a 480 quilômetros de Cuiabá), é o principal pólo de produção da companhia), onde está boa parte das propriedades do Grupo, até Porto Velho (RO). Ali as barcaças são carregadas e seguem até o porto de Itacoatiara, no Amazonas, de onde o produto é embarcado em grandes navios que seguem em direção ao Atlântico.

A Cargill, com forte participação no transporte de grãos mato-grossenses, também teve dificuldades para escoar seus produtos em barcaças pela hidrovia que permite que a soja produzida no Centro-Oeste chegue até o terminal de exportação, em Santarém (PA). Este ano, a trading chegou a ser obrigada a remanejar, para os portos do Sul do país, parte da soja que seria exportada por Santarém, cujo terminal realiza embarques para o exterior de aproximadamente 1 milhão de toneladas de grãos por safra.

A exportação da soja de Mato Grosso pelo terminal de Santarém tem vantagens logísticas. Além do menor custo de transporte pela hidrovia, a região Norte está mais próxima de destinos europeus, daí o interesse das grandes companhias em escoar seus produtos via rio Madeira.

Cerca de 95% do total exportado pela Cargill por Santarém chega ao terminal pela hidrovia. No terminal de Santarém, a Companhia conta com um silo de 60 mil toneladas.

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