sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Vazamento de lama tóxica chega ao Danúbio, mas toxicidade diminui.


Kolontár (Hungria), 7 out (EFE).- O vazamento de lama altamente tóxica que devastou o oeste da Hungria chegou nesta quinta-feira ao rio Danúbio, o segundo mais longo da Europa, mas sua capacidade de contaminação foi reduzida substancialmente.
"As consequências para o Danúbio vão ser limitadas", disse à Agência Efe Philip Weller, secretário-executivo da Comissão Internacional para a Proteção do Danúbio (ICPDR, na sigla em inglês).
Weller indicou que as medidas adotadas pelas autoridades húngaras "reduziram o nível de PH a uma escala tolerável", que terá impacto menor na bacia do Danúbio, embora a situação continue a ser acompanhada de perto.
As análises do PH da água contaminada que chegou ao Danúbio registraram um nível de 9, muito abaixo dos resultados de ontem no rio Marcal, quando o índice era de 13. A toxidade causou a morte de toda a vida aquática em um raio de cerca de 40 quilômetros.
Ainda assim, a alcalinidade continua acima dos níveis normais, de 6,5 a 8,5.
"A neutralização foi efetiva, mas não podemos cantar vitória ainda", disse à Efe Tibor Dobson, o responsável governamental pela coordenação dos trabalhos de descontaminação.
Apesar da redução da acidez a níveis toleráveis, foram registradas as primeiras mortes de peixes pela contaminação no Danúbio, embora em zonas muito limitadas.
Nos últimos dias, os esforços para diminuir a alcalinidade da água nos rios Marcal, Raba e Mosoni-Duna, afluentes do Danúbio, consumiram mais de 500 toneladas de gesso e ácidos.
Os especialistas consultados também confiam que a dissolução da lama seja muito mais rápida no Danúbio, por ser um rio muito mais caudaloso que os afetados até agora.
Alexa Antal, da WWF-Adena, também se mostrou otimista com os dados que reportam PH abaixo de 10, ou seja, "melhor do que se esperava", segundo indicou à Efe.
"Não sabemos o dano exato, mas achamos que não vai ser uma catástrofe", acrescentou.
A contaminação dos afluentes do Danúbio é considerada uma das maiores ameaças que o desastre ecológico pode causar, afetando toda a bacia do segundo rio mais longo da Europa.
O vazamento de lama saturada de metais pesados da empresa de alumínio MAL, na última segunda-feira, alagou área de cerca de 40 quilômetros quadrados, com sete mil habitantes, e causou a morte de quatro pessoas, além de ter deixado outros 150 feridos.
As organizações ambientalistas definiram o acidente como um dos piores desastres ecológicos ocorridos na Europa nos últimos 20 anos, e temem que as consequências sejam sentidas na flora e na fauna das regiões afetadas durante anos.
O próprio primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, assegurou na manhã de hoje que algumas áreas precisarão ser isoladas e que em alguns pontos contaminados "é impossível viver".
"É difícil encontrar as palavras adequadas para descrever isto. Se tivesse ocorrido à noite teriam morrido todos", previu Orban, em Kolontár, o povoado de 855 habitantes que foi o mais afetado pelo acidente.
As autoridades húngaras iniciaram uma investigação para apurar a possível responsabilidade da empresa húngara dona do dique de armazenamento que causou o desastre.
A companhia, porém, insiste que não descumpriu nenhuma norma e, apesar da ordem das autoridades para que interrompa as atividades, adiantou que pretende reiniciar a produção de alumínio nos próximos dias.

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