Município supera as cidades de mesmo porte na relação de veículos automotores por habitantes, mostra estudo de doutorando em Ecologia da Universidade Autônoma de Madri
Em 1998, a União Europeia elegeu o automóvel como a causa individual mais importante no impacto ambiental. Nas cidades brasileiras com mais de 60 mil habitantes, o veículo particular é responsável por 80% das emissões de gases na atmosfera. Só em 2006, foram despejadas 24 milhões de toneladas de substâncias contaminantes no ar, em todo o País.
Quanto maior a frota, maior a poluição e, no quesito veículos por habitante, Maringá é imbatível entre as cidades médias do Brasil. De acordo com a pesquisa Tendências Socioambientais das Cidades Brasileiras, do biólogo e mestre em Arquitetura e Urbanismo, Fabio Angeoletto, Maringá é a quarta cidade com maior concentração de carros por habitante.
Por consequência, tem o quarto maior índice de poluição por morador entre as médias e grandes cidades brasileiras pesquisadas, no que se refere a fontes móveis de emissão. “Já existe consenso na comunidade científica de que a maior parte de poluição nas cidades vêm de fontes móveis, e não mais de fontes fixas, como indústrias”, comenta Angeoletto, doutorando em Ecologia pela Universidade Autônoma de Madri, na Espanha.
A pesquisa utilizou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2006 para 244 municípios. Há três anos, Maringá contava com a relação de 2,08 veículos por habitante. Na atualização feita pela reportagem de O Diário, com dados do IBGE e Departamento de Trânsito (Detran) de 2008, a relação em Maringá ficou mais estreita: 1,68 habitante por veículo, que alçou a cidade ao primeiro lugar em concentração de automotores, entre os municípios selecionados.
Em dois anos, o município superou Curitiba e as cidades paulistas de Catanduva e Jundiaí, na relação de carros por moradores . A frota de veículos em Maringá mantém o crescimento e chegou a 208.617 unidades em abril de 2009 – relação ainda mais estreita de 1,60 habitante por automotor.
Vilões móveis
De acordo com o Ministério das Cidades, os automóveis e motocicletas particulares emitem 4,9 vezes mais poluentes e 1,8 vez mais dióxido de carbono na atmosfera do que os veículos do transporte coletivo.
O nível de poluição considerado aceitável para a Organização Mundial da Saúde é de 10 microgramas de partículas suspensas por metro cúbico de ar. Em Curitiba, com uma concentração de carros pouco menor que a de Maringá, a poluição chega a 21,43 microgramas de partículas.
O pesquisador afirma que o município corre o risco de perder o título de cidade ecológica caso não discipline a expansão da frota. “Apesar de Maringá contar com iniciativas pontuais de gestão ambiental, é uma cidade bastante poluidora”, aponta Angeoletto. “Além da poluição causada, há um problema para acomodar essa frota, numa cidade que se espalha de maneira difusa, ocupando espaços antes ocupados por mata ou que poderiam ser aráveis”, acrescenta.
Na pesquisa, foram consideradas cidades médias aquelas com população de até 500 mil habitantes e grandes aquelas com mais de 500 mil habitantes. Foram excluídas do levantamento as cidades com mais de 1,7 milhão de habitantes que, por seu gigantismo, exigem uma análise particular.
A ordem das cidades com maior poluição gerada por automotores, seguindo a atualização do estudo, são: Maringá, Curitiba, Catanduva (SP), Jundiaí (SP), Ribeirão Preto (SP), Blumenau (SC), São José do Rio Preto (SP), Campinas (SP), Americana (SP), Rio Claro (SP) e Bento Gonçalves (RS).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário... o Planeta agradece!!!