EXCLUSIVO VEJA.com
22 de maio de 2009
Mario Mantovani, diretor da S.O.S. Mata Atlântica |
Por Maria Carolina Maia
A ideia foi de uma agência de publicidade, a F/Nazca, mas está fazendo o diretor de mobilização da organização não-governamental S.O.S. Mata Atlântica, Mario Mantovani, sentir-se "o máximo como ambientalista". A campanha Xixi no banho - que incentiva a prática aparentemente incorreta de seu título - foi ao ar no último dia 5 e, até a última sexta-feira, seu website já contabilizava 207.000 pageviews e 87.000 acessos. A ação pode ajudar a turbinar a edição 2009 do Viva a Mata, evento em comemoração do Dia da Mata Atlântica (27 de maio), que ocorre entre os dias 22 e 24 no parque Ibirapuera, em São Paulo, e pretende chamar a atenção justamente para o uso responsável da água. "A campanha Xixi no banho foca o tema de forma bacana, tendo por isso boa recepção", diz Mantovani. "A questão mais importante agora, na área ambiental, é o consumo: nós já consumimos uma vez e meia o planeta". Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Mantovani a VEJA.com.
Há muita gente torcendo o nariz para uma campanha que pede às pessoas que façam xixi no banho?
Ao contrário. Para a minha grande surpresa, a campanha teve um impacto positivo violentíssimo. A gente vê pela reação, principalmente, via internet. A ação está bombando. As pessoas mandam e-mails, participam, elogiam, dizem que esse é um jeito legal de chamar a sociedade para a luta pelo ambiente. A campanha usa humor, e isso é uma coisa bacana. Nós deixamos de ser um espírito desagradável, de fazer aquele papel do ecochato que dá ordens para as pessoas. E, por trás da questão do xixi no banho, há coisas maiores: está ali a defesa do código florestal e da Mata Atlântica, que é uma grande produtora de água. É claro que tem gente que diz "Eca!" para a proposta da campanha, mas a maior parte parece entender a ação como uma chamada à cidadania. Essa campanha está tendo uma repercussão fantástica.
Qual o público mais atingido pela campanha?
A melhor resposta que estamos recebendo vem do público jovem. É ele o que mais se manifesta, mandando e-mails ou escrevendo mensagens nas redes sociais. Talvez essa geração jovem esteja mais ligada à questão ambiental que aquela que veio antes dela. Mas acredito que as crianças também devam adorar a brincadeira.
Que economia de água um xixi no banho pode gerar?
Cada descarga na privada consome de 12 a 20 litros de água. Se uma pessoa fizer xixi no banho uma vez por dia, vai gerar, ao longo de um ano, uma economia superior a 4.300 litros. Agora, imagina isso multiplicado por muitos, em todo o país. É preciso lembrar que a descarga é um dos maiores vilões do aquecimento global. O banheiro como um todo, aliás [calcula-se que 80% da água que um morador do Sudeste consome num dia escoe pelo ralo do banheiro]. É por isso que dizemos para as pessoas lavarem roupa íntima ou salada no chuveiro. É uma forma de fazer aquela água render mais.
Que outras atitudes as pessoas podem tomar a favor do ambiente?
A questão mais importante agora é o consumo. Já consumimos uma vez e meia o planeta. E quando falo em consumo não me refiro apenas às compras no supermercado: falo de água, de luz, de combustível e de coleta seletiva (talvez a mais séria das coisas). Quanto mais você consome sem consciência os recursos naturais, maior é o seu rastro ambiental, pior é o prejuízo que você gera para o planeta.
Você faz xixi no banho?
E quem não faz? Na enquete que estamos promovendo no site Xixi no Banho, 75% das pessoas (56.438 votos) já assumiram fazer. Mas achamos que o número é maior. Ainda tem gente se escondendo. Fazer xixi no banho não é uma novidade. A proposta é brincalhona, o xixi no banho é algo simbólico, para falar de algo maior.
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