quinta-feira, 4 de junho de 2009

A volta dos dourados ao Piracicaba

Com o rei do rio voltam também as aves ao rio que já teve fartura de peixes

Programa 563
Os dourados estão voltando ao rio Piracicaba. A prova está na ponta da linha, como mostra o programa Terra da Gente. Os repórteres Helen Sacconi e Toni Mendes desceram o Piracicaba, a partir da Rua do Porto, atrás do "rei do rio", com o pescador e guia Luis Fernando Magossi, o Gordo. Para começar, uma pesquinha bem popular: mandi na vara de bambu, com minhoca brava. Com equipamento apropriado, isca de tuvira e paciência, os dourados aparecem em vários pontos do rio para um show de esportividade. A volta dos dourados é consequência da diminuição da poluição no Piracicaba, rio com nome inspirado na fartura de peixes ("lugar onde o peixe para", em tupi). Com os peixes, estão de volta também as garças, biguás, socós, gansos e patos, que dão seus shows de revoada principalmente nos trechos onde a mata ciliar está mais preservada - ou recuperada. Como boa pescaria se faz também com bom humor, quem embarca no meio da aventura é a dupla piracicabana Cezar e Paulinho. Os irmãos "apanham" dos peixes, mas garantem o repertório de piadas e, é claro, a boa música caipira. O quadro Hora do Rancho também foi gravado às margens do Piracicaba. Gordo mostra outras habilidades além de pescador e dá as dicas da receita de iscas de piava caipira, típica de beira de rio pela praticidade, mas que pode ser feita também em casa como aperitivo ou prato principal. A expedição pelo rio Piracicaba é mostrada pelo repórter-cinematográfico Toni Mendes e contada pela repórter Helen Sacconi.
Um pouco de história
Lugar onde o peixe para. Em língua indígena, o significado da palavra Piracicaba foi certamente inspirado na fartura de peixes que existiam nas águas que cortam a cidade no interior de São Paulo com o mesmo nome do rio. Moradores lembram com saudades de uma época em que pescaria aqui era feita com a mão e o pescador bebia a água do rio.
O tempo provocou mudanças. Nos últimos vinte anos, a presença de indústrias e a ação do homem ao longo deste afluente do Tietê provocaram a extinção de várias espécies. Mas o próprio homem começou a recuperar os estragos. Há pelo menos quatro anos, pescadores que frequentam o rio Piracicaba garantem: têm fisgado os grandes dourados. Embarcamos numa expedição em busca do rei do rio pelo Interior de São Paulo.
Porto de partida
No comando da aventura, o pescador profissional e guia Luis Fernando Magossi, conhecido como Gordo. O ponto de partida é a rampa da rua do Porto, principal ponto turístico da cidade localizada a 190 quilômetros da Capital.
Pelo menos 3 mil e 500 pessoas passam pelo lugar todo fim de semana. E a presença de pescadores esportivos é constante. Jovens ou adultos, a maioria faz a pesca do lambari. Então, é hora de navegar!
Fartura de mandis
A primeira parada é na própria rua do Porto. Ao fundo, a construção imponente é de um antigo engenho de cana de açúcar. O local, tombado pelo patrimônio histórico, funciona como centro cultural e serve de moldura para nossa pescaria. Antes do dourado fazemos a pesca do mandi. A isca usada é a minhoca brava. Banquete na água, peixe na minha linha! Logo em seguida, é a vez do mestre, o Gordo.
Conforme o barco é levado pela água, além da cultura caipira conhecemos um pouco mais da cidade que ganhou o nome do rio. E no meio da cidade, a vara de bambu se curva pelos mandis. A fartura de uma das espécies mais comuns entre os pescadores que frequentam o Piracicaba aumenta a expectativa na busca do rei do rio.
Os primeiros dourados
Em pleno centro urbano, mudamos o equipamento atrás dos dourados. A isca é a tuvira, que também faz parte da bacia do Piracicaba. Para valorizar a conquista, a espera é certa! Como pescaria é a arte da paciência, os pescadores vão de um lado para outro a espera do rei. Para aumentar ainda mais o desafio, o tempo resolve mudar. De uma hora para outra, enfrentamos uma tempestade de poeira. Nuvens carregadas trazem a chuva e o vento movimenta as árvores. Por questão de segurança somos obrigados a sair da água. A parada é num rancho abandonado. Aproveitamos o intervalo para lanchar.
Assim que o clima melhora, seguimos atrás dos dourados. E quando a chuva dá uma trégua, ganho um prêmio do Piracicaba, um dourado brigador. Quem diria! Em plena cidade, no Estado com mais indústrias do país, ao lado dos carros, caminhões e do descaso de muitos com um dos bens mais valiosos do planeta, a natureza mostra sua força! E olha que a aventura está só no começo!
As garças do Piracicaba
Elas estão em toda parte! Desde a nascente do rio Piracicaba, em Americana, até a foz no rio Tietê, entre as cidades de Dois Córregos e Botucatu, as garças são companhia frequente de quem navega pelo rio Piracicaba. Nas regiões alagadas, as garças brancas se mostram em bandos. Onde a mata ciliar está mais preservada, elas se exibem vôos solitários atrás de alimentos.
Em tons de cinza, a garça parda, maior da espécie havia sumido da região no interior no São Paulo, com a volta dos peixes elas também voltaram. Com as asas abertas, a ave que mantém uma relação direta com a água chega a 1 metro e 80 de envergadura. Para quem gosta da natureza, poder observá-las é um presente e sinal de sorte na pescaria. Se as aves estão por perto é porque tem peixe na área! Partimos então atrás deles.
Recompensas douradas
O dia foi reservado para o rei do rio. O guia escolhe um ponto com correnteza forte, lugar preferido dos dourados. Com equipamento leve, iscamos tuviras frescas e é só é aguardar. Apesar da água barrenta, resultado da chuva no dia interior, a resposta vem na linha do mestre.
Com o clima quente e sol forte, a ação é contínua. A espécie famosa pela agressividade dá trabalho aos pescadores, mas o esforço tem recompensa. Aliás, uma sequencia delas! São vários ataques e fisgadas. A noite cai, e pegamos o caminho de volta para o rancho. Mas assim que o sol nasceu, voltamos ao Piracicaba.
Mais esperanças
A companhia das garças desde o início do trajeto é um bom sinal e assim que chegamos ao ponto de pesca, começa a ação. E os bichos dão trabalho! Mas a sorte volta para o nosso lado e voltamos a fisgar. E vem mais peixe!
Mesmo sem fisgar os grandes exemplares, a constatação da presença do rei no rio Piracicaba nos inspira. Se os dourados estão de volta, um dos motivos é o trabalho consciente de pescadores como o Gordo e de pessoas que, desde 1993, trabalham com a criação e soltura de alevinos na bacia do rio Piracicaba.
Convidamos o responsável Marcelo de Matos, planejador de meio ambiente da CPFL, para nos acompanhar numa soltura simbólica. Parte dos filhotes vai ser solta na região conhecida como tan quan, uma área represada do Piracicaba. A existência de vegetação sobre a água garante a proteção dos alevinos. Marcelo escolhe um local próximo à margem. Antes de soltar, é preciso aclimatar os peixes. O técnico mede a temperatura da água nos saquinhos e compara com a do rio.
Depois de alguns minutos começa a soltura. De volta à pousada, mais peixes vão para a água. A emoção de repovoar o rio é tão intensa quanto uma grande fisgada, mas tem a vantagem de um sentimento ainda mais nobre: de saber que podemos contribuir para futuro do nosso Planeta!
Vida na mata e na água
Com 148 quilômetros, o rio Piracicaba surpreende até mesmo quem convive com ele. Quando passa por São Pedro e Santa Maria da Serra, a mata ciliar com espécies nativas lembra as regiões preservadas do nosso País. Aves grandes e pequenas aproveitam o ambiente num convívio perfeito. Usam as árvores, os galhos secos. Onde a vegetação é farta, os charmosos tucanos aparecem em bandos.
A água também serve de abrigo para espécies aquáticas, como socós, gansos e patos. Os biguás protagonizam voos sincronizados como se fizessem um espetáculo aos pescadores. Em alguns trechos do Piraciacaba, a profundidade do rio chega a 15 metros. Áreas mais rasas são um atrativo para os chamados pescadores de barranco. A turma chega em família: homens, mulheres e crianças. Alguns aproveitam a pescaria também para se refrescar.
Pescaria com bom humor
Quem embarca na pescaria são os cantores sertanejos Cezar e Paulinho, a dupla mais famosa de Piracicaba. Meia hora de navegação e chegamos a uma comunidade de pescadores. As casas antigas ficam na beirinha da água. Atrás de orientações, Paulinho me acompanha numa consulta com quem entende do assunto. O pescador Nenê é quem dá as dicas de onde estão os peixes. Aproveitamos a parada para abastecer o barco de iscas e partimos para a prática.
Antes de chegar ao local indicado, arriscamos soltar as linhas num ponto no meio do caminho. E como muitos que visitam a região, a dupla também não conhecia as belezas da área. A prosa tá boa, mas, e os peixes? Sem ação dos bichos, Paulinho, como bom pescador, levanta a primeira superstição: saiu sem a vara "da sorte".
A hora da fisgada
Seguimos ao local indicado pelo pescador da comunidade. Mais uma vez, soltamos as iscas e parece que a situação é melhor. Mas sem resposta de fato, voltamos para a prosa. E com Cezar e Paulinho no barco, mesmo sem peixe a diversão é garantida. É uma piada atrás da outra!
E depois de quase uma hora de espera, como bons cavalheiros, os homens da embarcação permitem que eu seja a primeira a fisgar. Cezar é o segundo. Eu fisgo de novo. Gordo também pega o dele! Ihhh... Será que a superstição do Paulinho é séria? A falta de peixe inspira até uma canção de improviso!
Gordo fisga outro e provoca o "lanterninha" do barco, Paulinho. Quando o tempo está praticamente esgotado, Paulinho quase se engana, mas o peixe está fisgado. Enquanto Cezar e Paulinho cantam, as fisgadas continuam. Gordo inspira até uma história de pescador.
Brincadeiras à parte, em uma semana de expedição pelo maior afluente do rio Tietê constatamos que a vida se renova a cada dia. É só escolher a direção certa que o futuro do Piracicaba reserva muitos frutos para as próximas gerações!
Agradecimento:
CPFL Energia
Como chegar:
Rio Piracicaba, SP
Passeio de Barco Piracicaba
Tel. (19) 9747-4545
www.passeiodebarcopiracicaba.com.br
Programa Terra da Gente:
Rua Regina Nogueira, 120
Jardim São Gabriel - Campinas, SP
cep 13.045 - 900
Telefones:
(19) 3776.6488
3776.6460
3776.6593
*O programa Terra da Gente é exibido pelas seguintes emissoras: EPTV (Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos e Varginha-MG); TV TEM (São José do Rio Preto, SP; Sorocaba, SP; Bauru, SP e Itapetininga, SP); TV Fronteira (Presidente Prudente); TV Diário (Mogi das Cruzes, SP); TV Centro América (Cuiabá, MT); TV Centro América Sul (Rondonópolis, MT); TV Centro América Norte (Sinop, MT); TV Terra (Tangará da Serra, MT); TV Morena (Campo Grande, MS); TV Sul América (Ponta Porã, MS); TV Cidade Branca (Corumbá, MS); TV Grande Rio (Petrolina, PE); TV Asa Branca (Caruaru, PE) e TV Tapajós (Santarém, PA). Sobre dias e horários, consultar a programação da emissora local.
O Terra da Gente é exibido também para todo o Brasil, aos domingos, às 7:00h, via antena parabólica (o canal Superstation da Globo) e para 116 países dos 5 continentes pelo Canal Internacional da Globo.

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