domingo, 12 de julho de 2009

Empresas descobrem as vantagens da reciclagem

Flávio Laginski

Divulgação
Material orgânico tem excelente potencial para se transformar em adubo que será usado nas plantações.

Em tempos de poupar o meio ambiente, a palavra de ordem é reciclar. Esse processo, muito comum nas cidades, está chegando ao campo. Além da questão ambiental, há ainda a abordagem econômica, pois muita coisa que pode ser reaproveitada acaba revertendo em redução de custos para o produtor rural.

De acordo com o coordenador do curso de agronomia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná - Curitiba (Aeapr - Curitiba), Luiz Antônio Lucchesi, estudos indicam que o material orgânico que iria para o lixo têm se revelado como uma excelente potencial para se transformar em adubo, graças às suas propriedades químicas, físicas e biológicas.

“A agricultura necessita de muita matéria orgânica e de seus nutrientes. Reciclando esse material, o agricultor vai encontrar um adubo de excelente qualidade e baixo preço. Além disso, esse novo adubo aumenta a produtividade”, revela.

Lucchesi garante que existem diversos projetos de reciclagem agrícola. Alguns deles já são aplicados na prática, como a palha da cana-de-açúcar, usada para fazer compostagem (técnica da qual se controla a decomposição de materiais orgânicos, com a finalidade de obter, no menor tempo possível, um material estável, rico em húmus e nutrientes minerais) e ainda existem alguns que ainda não foram testados.

O coordenador diz que empresas da área florestal e alimentícia vêm demonstrando interesse em participar desse tipo de reciclagem. “Essas pessoas vêm se sensibilizando com essa medida, embora ainda são poucas as companhias que conhecem os benefícios econômicos e ambientais da reciclagem agrícola. O Paraná é um estado forte, que possui um excepcional potencial para isso. Basta que fique acertadas questões como licenciamento ambiental, logística, locais de armazenamento, entre outros, fique acertado para que essa ideia seja aderida”, avalia.

Mesmo com todas essas vantagens, Lucchesi garante que é preciso caminhar bastante para que a reciclagem agrícola torne-se uma realidade. “Precisamos de mais estudos para que esse processo seja plenamente praticável. Há a necessidade de debater mais sobre esse assunto, compreender como as autoridades enxergam essa abordagem e também aprender com outros países que já utilizam a reciclagem agrícola”, define.

Seminário

Curitiba sediou, na última semana, o Simpósio Nacional de Reciclagem Agrícola de Resíduos de Origem Rural, Urbana e Industrial. Organizado pela Monte Bello Eventos, no Centro de Eventos Expo Unimed Curitiba, o evento apresentou sistemas de gestão ambiental, serviços e tecnologias direcionadas para o campo da reciclagem, reutilização e reaproveitamento de materiais para gerar o menor impacto possível no meio ambiente.

“Esperamos com esse evento, termos apontado perspectivas no campo da educação, conscientizando a todos a começar a adotar padrões de consumo para diminuir a degradação ambiental”, conta Valdir Bello, responsável pelo evento.

Embrapa/Divulgação
Projeto para produzir biodiesel tem como meta a preservação ambiental.

Produção de biodiesel por meio de óleo de fritura


A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Agroenergia, em Brasília, está desenvolvendo um projeto que prevê a produção de biodiesel por meio da reciclagem de óleo de fritura.

Intitulado de Sistema produtivo de biodiesel a partir de óleos vegetais virgens e usados, a iniciativa, iniciada há um ano e que recebeu uma verba de R$ 2,5 milhões, tem como principal bandeira a preservação ambiental.

Segundo o pesquisador da Embrapa Agroenergia e coordenador do projeto, José Dilcio Rocha, trata-se de uma ideia simples, mas que exige alguns cuidados para que o trabalho funcione.

“Qualquer cidade brasileira que disponha da coleta de óleo pode implantar esse projeto. Contudo, é preciso verificar bem a logística para que dê certo, pois não adianta gastar um litro de óleo diesel para recolher meio litro de óleo vegetal”, avalia.

Antes de se pensar em reutilizar o óleo vegetal, o produto era todo despejado no esgoto, causando problemas na rede de águas. “O óleo, com o tempo, vai incrustando a tubulação e contamina a água. Para tornar a água novamente pura, gasta-se muito mais se comparado ao custo para reciclar o óleo, que é um poluente muito forte. Um estudo demonstra que cada brasileiro gera em média 500 mililitros por mês. Por ano, são seis litros. Imagine então essa quantidade poluindo a nossa água. Com esse projeto, queremos tirar o máximo possível desse material”, afirma.

Questionado sobre a qualidade do biodiesel produzido pelo óleo usado, o pesquisador foi enfático ao dizer que “o combustível é de excelente qualidade, tão bom quanto o de uma semente recém-colhida”.

Rocha informa que assim que o óleo é coletado, ele é mandado para centrais que purificam o material. Depois de totalmente limpo e sem ácidos, ele é enviado para a fábrica de biodiesel, em Planaltina, distante a 40 quilômetros da capital federal.

“Ao chegar na fábrica, ele passa por um processo de transformação chamado transesterificação. Essa ação, resultante entre um éster e um álcool, vai gerar o biodiesel”, explica.

Para o pesquisador, o projeto tem tudo para dar certo, pois apresenta vantagens econômicas e ambientais. “Nada se perde ao fazer esse trabalho. Produz-se combustível de boa qualidade a um preço baixo e o ambiente ganha por não contar mais com um produto tóxico infestando, principalmente, as nossas águas”, conclui.

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