terça-feira, 9 de março de 2010

Destino do lixo eletrônico causa preocupação.

Lixo eletrônico: há oito anos, Clemente Marques vê crescer a quantidade de equipamentos eletrônicos descartados pelos proprietários em sua garagem
MIGUEL PORTELA




9/3/2010

Aumento no consumo e a rápida modernização dos equipamentos fazem com que o descarte de produtos seja problema

Computadores, impressoras, scanners, aparelhos celulares e câmeras digitais, são equipamentos eletrônicos que rapidamente vão para o lixo. O descarte se deve principalmente por causa da rápida modernização dos equipamentos. Um aparelho celular adquirido hoje, em seis meses, pode estar ultrapassado. Sem falar com as enormes facilidades de compra que o mercado proporciona. Nesse contexto, o principal problema discutido atualmente é o destino dado a esses objetos, pois trata-se de utilitários compostos de material tóxico que, se descartados de qualquer forma, podem causar danos irreparáveis a saúde do planeta.

Esse é o desafio enfrentado por Clemente Marques, dono de uma loja de manutenção de aparelhos eletroeletrônicos, na Serrinha. Desde 2002, ele vem acumulando equipamentos que os clientes não querem mais. Alguns não foram buscar, outros não têm conserto, mas, nos últimos dois anos, ele conta que a maioria acaba desistindo do conserto e preferindo comprar um novo. Já são mais de dois mil aparelhos acumulados. A quantidade é tão grande que a antiga garagem virou um depósito.

Ele diz que não há como competir com a tecnologia. "Ficou um processo tão rápido que até as impressoras multifuncionais, que ainda estão sendo vendidas no mercado, não querem mais consertar. Essa sucata demorou oito anos para se formar, mas a tendência é a quantidade aumente muito mais, pois hoje tudo pode ser reciclado", destacou Marques.

O comerciante admite que não sabe o que fazer com o lixo. Não joga fora pois sabe os danos que pode causar ao meio ambiente, mas, ao mesmo tempo, fica sem opção, uma vez que a Prefeitura não faz a coleta deste tipo de produto.


Coleta

O presidente da Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), Roberto Rodrigues, declara que o órgão não faz recolhimento desse lixo e que os resíduos são de responsabilidade de quem produz.

Rodrigues informa que, durante esse ano, a Emlurb vai fazer um levantamento sobre todo o lixo que se produz em Fortaleza, especificando, inclusive, o lixo eletrônico. A partir daí, será montado um projeto, em parceria com outras entidades, para definir como recolher e onde colocar os resíduos.

O titular da Secretaria do Meio Ambiente e Controle Urbano, Deodato Ramalho, disse que a entidade já começou a se articular sobre o assunto. "Se alguém nos procurar com esse tipo de material, nós vamos dar uma solução", assegurou.

SAÚDE AMEAÇADA
Substâncias oferecem risco

O consultor em cultura digital e lixo eletrônico, Philipe Ribeiro, esclarece que os eletrodomésticos e eletroeletrônicos que costumamos ter em casa possuem alguns componentes que contêm metais pesados como chumbo, zinco e mercúrio. Nesse grupo destacam-se pilhas, baterias, televisores e peças de computadores em geral.

Se descartados nas margens de recursos hídricos que abastecem uma cidade, certamente a população sofrerá com os danos causados pela contaminação da água. Philipe alerta que os metais podem causar problemas de saúde que vão desde anemia à doenças pulmonares.

Alguns supermercados e lojas do ramo de celulares recolhem pilhas e baterias. Já computadores e demais eletrônicos em desuso, são recebidos por algumas instituições que trabalham com metarreciclagem - a reciclagem de computadores com o objetivo de ser apropriado por comunidades e movimentos sociais - e arte a partir de e-lixo - o lixo eletrônico.

Em Fortaleza, as pilhas e baterias descartadas pelos usuários podem ser recolhidas na maioria das lojas das operadoras de telefonia móvel. Já o lixo proveniente de produtos de informática e eletrônicos em geral, podem ser entregues na sede da Casa de Cultura Livre, localizada na Rua Alerta, 74, Benfica.

Reciclagem

Um possível fim a esses resíduos eletrônicos pode ser a reciclagem. Os que são provenientes de computadores podem voltar a funcionar usando um sistema operacional compatível com a máquina. Aqueles que não são, viram desde brincos, pulseiras e colares, até utensílios como porta-retratos e porta-lápis. "O objetivo é dar um uso, seja reciclando a máquina e fazendo com que ela volte a funcionar, ou usando o rejeito como matéria-prima do artesanato eletrônico", disse Philipe Ribeiro.

LUANA LIMA
ESPECIAL PARA CIDADE

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