segunda-feira, 26 de abril de 2010

'Indústria do apagão' não quer que Belo Monte seja construída, diz Lula

Para o presidente, será um 'movimento insano' abandonar o potencial hídrico de 260 mil megawatts da região

Agência Estado  

SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a importância da construção da usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), durante o programa semanal de rádio "Café com o Presidente" que foi ao ar nesta segunda-feira, 26. O licenciamento ambiental da usina, disse Lula, foi o "melhor já ocorrido em todo o Brasil", com cinco anos de estudo para licença prévia. "Obviamente que sempre vai ter aqueles que não querem que a gente faça, porque tem aqueles que esperam que haja sempre uma desgraça no País para eles poderem encontrar um culpado; nós temos aí a indústria do apagão, pessoas que não querem que a gente construa a energia necessária porque querem que tenha um apagão para justificar o apagão de 2001", disse. Para Lula, o apagão de 2001 foi "incompetência, e nós não vamos ter atos de incompetência".
"Belo Monte é um projeto de 30 anos, não é um projeto de agora, Belo Monte levou muito tempo sendo discutida, foi muita gente que discutiu, se fazia projeto, se não fazia projeto, e nós conseguimos dar a Belo Monte um tratamento, diria, qualificado envolvendo todo o segmento da sociedade num debate", afirmou. De acordo com Lula, abandonar um potencial hídrico de, aproximadamente, 260 mil megawatts para começar a usar termoelétrica a óleo diesel será um "movimento insano", contra toda a ação que se faz no planeta pelo tema climático.
Para defender a tese de que a usina hidrelétrica é mais barata, Lula disse que as empresas que ganharam o leilão de Belo Monte ofereceram cerca de 78 reais o megawatt/hora, enquanto a administração federal fixou um preço mínimo de 83 reais o megawatt/hora. "É importante a gente fazer uma comparação para o povo saber o que nós estamos falando: a usina Belo Monte, ela vai custar 78 reais o megawatt/hora; uma usina eólica custa 150 reais o megawatt/hora, e uma usina a gás, mais ou menos, 200 reais o megawatt/hora", comparou. "Portanto, a energia hídrica ainda é a mais barata; o que nós precisamos é trabalhar com muito cuidado para fazer as hidrelétricas da forma mais cuidadosa possível, causar o menor impacto ambiental possível, e é por isso que eu estou muito feliz, porque depois de 30 anos, finalmente, Belo Monte vai sair."
Segundo o presidente, muitos pontos mudaram no projeto da usina desde que ele começou a ser discutido. Lula lembrou que houve redução de 60% na área que será ocupada pelo reservatório da usina. O tamanho do lago, declarou, hoje é 40% daquilo previsto anteriormente. O presidente afirmou ainda que o Poder Executivo cuida da preservação de áreas indígenas. Arara da Volta Grande, Xingu e Paquiçamba, que antes seriam afetadas, não serão mais, citou.
"Há previsão de realocação de 16 mil pessoas. Nós estamos pensando em fazer uma hidrelétrica que seja modelo, que seja exemplo de que o Brasil vai continuar fazendo a hidrelétrica, mas, sobretudo, o Brasil vai continuar dando importância ao povo brasileiro, cuidar dos nossos índios, cuidar dos nossos produtores rurais, cuidar dos nossos ribeirinhos", avaliou. "As pessoas não terão prejuízo, pelo contrário, o que nós queremos é que a hidrelétrica signifique um ganho para essas pessoas, uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas."

Terra indígena
Lula falou também de sua visita à Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, no dia 19, Dia do Índio. Ele afirmou acreditar que foi uma "coisa extraordinária" a demarcação da área. Desde 2003, afirmou, o Executivo homologou 81 terras indígenas. De acordo com Lula, o Brasil tem hoje 663 terras homologadas, declaradas, delimitadas e em estudo, somando 107.618.000 hectares - 12,5% do território nacional está preservado para os índios."Nós demos um passo definitivo para reconhecer os índios como cidadãos brasileiros, dono da sua cultura, homens livres que podem exercitar da forma que quiserem toda a sua cultura", disse.

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