segunda-feira, 12 de abril de 2010

Sea Sheperd denuncia a morte do mar...

  
Dentre a fauna ameaçada, estão 150 milhões de tubarões mortos todos os anos,
tanto pela pesca de espinhel quanto pelo finning. O número é alto, mas não revela 
o pior: que mais de 90% da população de grandes tubarões do mundo foi exterminada, 
porque essa brutalidade é mais rápida que sua capacidade de reprodução. No Brasil, 
43% das espécies de tubarão estão ameaçadas de extinção
  

EcoAgência/EF    
Juarez Tosi e Cristiano Pacheco no auditório do Instituto Goethe

Por Eliege Fante - Redação da EcoAgência A primeira Terça Ecológica de 2010,
que acontece pelo segundo ano em parceria com o Instituto Goethe, inaugurou mais 
uma parceria do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul: com o Instituto 
Sea Shepherd Brasil. Na noite de ontem (06/04), o diretor jurídico voluntário 
Cristiano Pacheco, dentro do tema “O envenenamento dos mares”, relatou 
o andamento e os resultados já obtidos de algumas Ações Civis Públicas, além
de incentivar o grande público presente a agir e a exercer a sua cidadania ambiental. 
O biólogo Wendel Stol, confirmado para participar do evento não compareceu por 
um problema de saúde.

Conforme o divulgado, fundada por Paul Watson em 1977, a Sea Shepherd 
dedica-se à defesa da biodiversidade marinha e, na sua missão salvacionista, 
usa ação direta, tendo afundado vários baleeiros ilegais, além de manter em 
diferentes partes do mundo projetos de educação, estudo e prevenção da 
destruição dos habitats marinhos. Da fauna marinha que buscam proteger, 
os alarmantes números mostrados nesta Terça Ecológica, dão conta de que 
150 milhões de tubarões são mortos todos os anos, tanto pela pesca de espinhel 
como pelo finning. O número é alto, mas não revela o pior: que mais de 90% da
população de grandes tubarões do mundo foi exterminada, porque essa brutalidade 
é mais rápida que sua capacidade de reprodução. Ainda conforme os dados da 
Sea Shepherd, no Brasil, 43% das espécies de tubarão estão ameaçadas de extinção.
Dentre os processos que já têm resultados efetivos, Pacheco citou aquele acionado 
pela Sea Shepherd juntamente com o Instituto Justiça Ambiental e o Instituto Litoral Sul, 
na Justiça Federal de Rio Grande, RS, em maio de 2009. A partir de provas colhidas, 
pelo menos um ano antes, foi possível ingressar com ação civil pública contra a empresa
pesqueira Dom Matos Comércio de Pescados e Resíduos Ltda, devido sua prática do 
chamado finning, o mesmo que extração da barbatana de tubarão, via espinhel e arrasto. 
Os fundamentos legais empregados nesta ação foram: o artigo 225 da Constituição Federal,
a Resolução 121 do Ibama e o Decreto no 6.514/08 que regula infrações e sanções 
administrativas ambientais. Os pedidos foram: indenização no valor de R$ 60.325.000,00 
em decorrência dos danos causados pelo abate ilegal de três espécies de tubarão 
em extinção: cação-anjo (Squatina guggenheim), cação-cola-fina (Mustelus Schimitti) 
e raia-viola (Rhinobatus horkelii); suspensão imediata da atividade sob pena de multa 
diária por cada vez que a empresa, seus funcionários ou prepostos forem autuados 
capturando as espécies extintas objeto (da causa); fornecimento de educação ambiental 
aos funcionários da empresa; liminar de protesto contra alienação de bens, antes da
intimação das partes, com quebra de sigilo junto à Receita Federal (empresas e sócios) 
e inscrição de restrição e imóvel.

Não matarás”
“Esta pesca é uma das coisas mais cruéis que existe por que o animal pescado 
tem a barbatana e a cauda cortada. Depois, o animal é jogado ao mar ainda vivo. 
Só a barbatana vale muito mais do que o animal inteiro, por isso dispensam a carne. 
É importante saber que a Lei dá legitimidade a qualquer ong, associação, etc entrar 
com uma ação civil pública,” disse o advogado, alertando que mais de 90% destas 
são encaminhadas pelo Ministério Público, apesar de o cidadão poder tomar esta
iniciativa desde 1985. Entretanto, é preciso que possua provas, como fotografias e 
testemunhos, além de contatar órgãos de proteção ao ambiente natural, como Ibama, 
Fepam, etc, e o Instituto Sea Shepherd.
Pacheco admitiu que não foi fácil executar esta ação, tendo sido importante acrescentar
ao processo o parecer técnico de um biólogo da Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte, que explicou a “gravidade da situação desses animais e dos ecossistemas 
envolvidos”. Segundo o advogado, esta atividade gera milhões todo ano, mas o público 
não fica sabendo qual o destino deste produto nem quais as consequências deste negócio.
Daí a importância de o cliente perguntar no supermercado ou no restaurante qual a origem 
da carne que vai consumir, se a empresa é certificada, se está sendo processada ou não, 
por exemplo. “É mais fácil ver a floresta desmatada; para ver o mar, é preciso mergulhar. 
O oceano está morrendo isto sem mencionar a poluição e o lixo depositado no fundo,” 
denunciou.
Além da educação e da conscientização, por meio destas ações efetivas a Sea Shepherd 
vai até a raiz do problema, que está no consumo. Pacheco acredita que a cadeia produtiva
pode mudar, se os consumidores também fizerem a sua parte, cobrando mais 
responsabilidade das empresas e optando por adquirir produtos daquelas que tomam
medidas preventivas contra a destruição do meio ambiente. Ele destacou o trabalho
da economista e ativista Amyra El Khalili que estimula o avanço das empresas que
produzem com responsabilidade sócioambiental. Vale lembrar que Amyra esteve em
Porto Alegre recentemente, onde explicou o conceito de commodity ambiental, durante 
o Figa 2010.
O jornalista Juarez Tosi, dirigente do NEJ-RS, anunciou que a parceria com o Sea Shepherd
segue no segundo semestre através da realização de um curso, o qual passará a
ser divulgado em breve. Acompanhe as notícias aqui na EcoAgência e no Sintonia 
da Terra, programa veiculado na Rádio da UFRGS às 10h das quintas-feiras.


Mais informações:
Sea Shepherd e Pescados Amaral: primeiro precedente na América Latina 
contra a pesca predatória de arrasto marinho.
Amyra El Khalili em Porto Alegre no Dia Mundial da Água em 2010
Sharkwater: documentário canadense de 2007, dirigido, escrito e protagonizado
por Rob Stewart
EcoAgência
  

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