quarta-feira, 16 de junho de 2010

Estudo analisa potencial de plantas da Amazônia.


crajiru14062010aEntre as espécies está  o crajirú, bastante conhecida na região por ter um potencial cicatrizante. A Amazônia possui centenas de plantas ainda não estudadas
CAMILA CARVALHO
CRISTIANE BARBOSA
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MANAUS AM – A preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade fazem parte do dia a dia das pessoas, entre elas os profissionais da área de estética, que utilizam cada vez mais dos recursos da floresta por meio dos biocosméticos.
Na região amazônica, as plantas desempenham um papel fundamental no cotidiano da população e há um crescente aumento na fabricação de produtos com princípios ativos retirados de extratos da flora, a doutora em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marne Carvalho, desempenha um estudo capaz de verificar se determinadas substâncias extraídas de plantas nativas são passíveis de uso ou se causam dano ao organismo humano.
“Moemos a planta e com isso fazemos o extrato, para executarmos as pesquisas da mesma forma que a população utiliza a planta em casa. Além disso, quando pensamos em biocosméticos, é mais fácil trabalharmos com o extrato, que representa o todo, do que com uma substância isolada”, explicou a pesquisadora.
Desenvolvida há quase dois anos e intitulada “Estudo do potencial genotóxico de fitocompostos para o desenvolvimento de biocosméticos a partir de plantas da Amazônia”, a pesquisa se transformou em linha de pesquisa da Universidade no Curso de Farmácia e no mestrado em Ciências Farmacêuticas, sendo delimitada em “Eficácia e Segurança de Bioprodutos”.
O estudo é realizado com financiamento de aproximadamente R$30 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do Programa de Desenvolvimento Científico Regional (DCR) em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Potencial cosmético ou não?
Carvalho explicou que uma das plantas estudadas é o crajirú, bastante conhecida na região por ter um potencial cicatrizante. ”Se há o potencial cicatrizante, pode existir algum outro que possa ser útil para um cosmético”, comentou.
Ela explicou que a equipe, composta por quatro bolsistas, submete células normais ao extrato feito da planta e avalia se surtiu algum efeito benéfico ou maléfico. Com isso, é possível verificar se a substância é segura para fabricação de um biocosmético.  Além do crajirú, nas pesquisas são utilizados o xixuá e o jucá.
As plantas são obtidas por meio de uma parceria firmada entre a professora Tatiane Pereira de Souza, com colaboração do professor Emerson Silva Lima, e os pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Cultura de células
As células utilizadas na pesquisa são provenientes da Universidade de São Paulo (USP), que doou, por meio da professora Silvia Hengler, uma cultura de fibroblastos (células presentes na derme e responsáveis pela qualidade da pele) que contribuíram para a construção do Laboratório de Cultura de Células da Ufam.
No decorrer das pesquisas, são realizados quatro testes para assegurar a integridade da célula, que simula o organismo humano. “Aplicamos o teste da citotoxidade, para analisar o nível de toxidade da substância, o teste do cometa, para avaliar se houve dano ao DNA da célula após o contato com a substância, o teste do micronúcleo, no qual analisamos como está o núcleo da célula, e o teste de aberrações cromossômicas, que também é feito após contato com a substância para verificar anormalidades numéricas e quantitativas nos cromossomos”, explicou Carvalho.
Segundo a pesquisadora, o estudo está na fase de organização e tabulação de dados, no entanto, a preocupação está voltada para produção científica. “Temos ótimos resultados, mas estamos pensando inicialmente na produção científica. Porém, isso não significa que não possamos conversar e disponibilizar os dados para alguma empresa”, concluiu a cientista.

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