quarta-feira, 9 de junho de 2010

O Pantanal está vulnerável Estudo do governo aponta o bioma pantaneiro como o mais devastado após o cerrado nos últimos anos

Vinicius Sassine



O surgimento de novos dados oficiais sobre o desmatamento dos biomas brasileiros revela que a devastação no cerrado e no Pantanal foi proporcionalmente superior às perdas de vegetação na Amazônia, levando-se em conta a extensão dos biomas e as áreas desmatadas entre 2002 e 2008. Enquanto todas as atenções do governo estavam voltadas para o território amazônico, que ocupa cerca de metade do solo brasileiro, o cerrado e o Pantanal perderam 89,3 mil km² de mata nativa, o equivalente a mais de 15 áreas do tamanho do Distrito Federal (DF). O Ministério do Meio Ambiente (MMA) divulgou ontem, pela primeira vez, números oficiais sobre o desmatamento do Pantanal, o que permitiu ao governo constatar que esse bioma e o cerrado estão mais vulneráveis à devastação do que a Amazônia.

A divulgação dos resultados do monitoramento por imagens de satélite da planície pantaneira, em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul, ocorreu um dia depois de o Correio mostrar que o governo Lula privilegiou, nos dois mandatos, a busca pela queda do desmatamento da Amazônia, o que custou o esquecimento e a devastação dos outros biomas brasileiros. Os primeiros resultados fora do território amazônico — para o cerrado e a caatinga — só foram apresentados no ano passado, pelo então ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Ontem, a titular da pasta, Izabella Teixeira, detalhou os dados do desmatamento no Pantanal e prometeu revelar os índices de devastação dos pampas gaúchos em julho e da Mata Atlântica, em setembro. “Até o fim deste governo, apresentaremos os dados de desmatamento em todos os biomas, atualizados até 2009.”

Com 18,7 mil km² devastados até 2002, o Pantanal continuou perdendo mata nativa nos seis anos seguintes: foram desmatados mais 4.279km² — 2,82% da área total do bioma. Esse índice é maior do que o verificado na Amazônia (2,54%) e na caatinga (2,01%), e só é inferior à proporção desmatada no cerrado (4,17%). O governo, oficialmente, só sabe da atual realidade de outros biomas desde 2009. Já a Amazônia é monitorada desde 1988 e registra queda acentuada do desmatamento. Conforme dados divulgados também ontem, a devastação entre agosto de 2009 e abril de 2010 caiu 48% na Amazônia, em comparação com o mesmo período entre 2008 e 2009.

O monitoramento do cerrado, da caatinga e, agora, do Pantanal, é feito pelo Centro de Sensoriamento Remoto do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Já a Amazônia é vigiada pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Quando se comparam as taxas anuais de desmatamento nos quatro biomas, os índices mais elevados também são registrados no cerrado e no Pantanal. O primeiro perde por ano 14,2 mil km². O segundo, 713km².

Uma análise preliminar do MMA identifica como principais razões do desmatamento do Pantanal o fornecimento de carvão vegetal para um novo parque siderúrgico em Mato Grosso do Sul e a abertura de novas áreas para pastagens. Mais de 15% da planície pantaneira já foram devastados. O desmatamento foi maior em Mato Grosso do Sul do que em Mato Grosso. Corumbá (MS), a cidade que mais desmatou, responde por 32% de todas as perdas de vegetação. Em seguida aparecem Aquidauana (MS) e Cáceres (MT).

Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, fala do desmatamento

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