quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Crise no setor afasta investidores, aumenta prejuízos e dificuldade das populações na maioria dos municípios do Estado

Mais de 700 horas sem energia elétrica no AM


Leandro Prazeres

 Município de Tabatinga, no Alto Solimões, onde a falta de energia elétrica nos primeiros oito meses deste ano superou a 90 horas, de acordo com a Aneel
Município de Tabatinga, no Alto Solimões, onde a falta de energia elétrica nos primeiros oito meses deste ano superou a 90 horas, de acordo com a Aneel (Foto: Evandro Seixas - 27/maio/2010)
Imagine viver 30 dias sem energia elétrica. Difícil? Pois é assim que estão vivendo os moradores dos municípios do interior do Amazonas segundo os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). De acordo com o órgão, de janeiro a agosto, os consumidores do interior do Estado ficaram 727,7 horas sem energia elétrica, o equivalente a um mês inteiro. A crise energética vem afastando investidores dispostos a gerar emprego e renda no interior e irritando prefeitos e moradores.
Na semana passada, a visita do ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermman, a Manaus, vítima de contínuos desligamentos na rede de abastecimento, acendeu a “luz amarela” na opinião pública nacional sobre a crise energética vivida na capital. No entanto, se em Manaus, a luz está “amarela”, no interior, a luz é “vermelha”.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão que tem a tarefa de regular e fiscalizar o trabalho das concessionárias de energia elétrica em todo o Brasil, revelou dados que mostram o tamanho do problema. A agência tem dois índices para avaliar a eficiência do abastecimento: DEC - Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora - que mede a quantidade de horas sem eletricidade; e FEC - Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora - que afere a quantidade de vezes que o abastecimento foi interrompido. Nos dois índices, os municípios do interior do Amazonas estão em situação precária.
 Alto Solimões
Na região do Alto Solimões, com mais de 230 mil habitantes, foram 94,4 horas sem energia elétrica de janeiro a agosto, sendo que a média exigida pela Aneel à Amazonas Energia, para todo o ano, era de no máximo 121 horas. Comparando com a capital, o absurdo fica evidente. A região de Manaus mais afetada pelas interrupções no abastecimento foi a do Tarumã, com 33,5 horas sem energia elétrica, quase três vezes menos. Mas em termos de falta de energia, nada se compara à zona rural cortada pela BR-174. Segundo a Aneel, a região ficou 269,3 horas sem energia elétrica.
O prefeito de Juruá (PTB), Tabira Ramos, sabe bem o que é isso. Há quase um mês, os dois motores que abastecem a cidade quebraram. Durante quase 10 dias, a cidade viveu sob racionamento. Os setores mais prejudicados foram a pesca e os serviços. Sem energia elétrica, os pescadores não tinham como ter acesso ao gelo, fundamental para armazenar o pescado. Os moradores também tiveram que conviver com a falta de dinheiro na cidade, pois os caixas eletrônicos também ficaram sem funcionar, assim como as telefonias fixa e móvel.
O prefeito diz que hoje a situação está melhor, mas não 100%”. “Há duas semanas das eleições, a Amazonas Energia mandou uns técnicos pra cá e eles consertaram. Mesmo assim, não temos abastecimento seguro”, enfatizou o prefeito.

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