sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Museu preserva o encontro de colonizados e colonizadores na Amazônia

Da Redação
Secretaria de Comunicação
Urnas em cerâmica usadas pelos índios para sepultar ossos e pertences integram o acervo do Museu do Encontro, instalado no Forte do Presépio
Saint-Clair Gonçalves Dias explica a visitantes detalhes das peças expostas no Museu do Encontro, desde objetos indígenas a telas e fotos
Quem se dedicar a estudar a história do Círio de Nazaré, que acontece no próximo domingo (10) em Belém, terá de voltar ao final do século XVIII, e a partir dali conhecer um período importante da história do Pará. Mas quem quiser ir mais além, até a época da ocupação da região por povos indígenas, precisa visitar o Museu do Encontro, localizado no Forte do Presépio, em pleno ponto de origem da capital paraense, no bairro da Cidade Velha. Na verdade, como o próprio nome diz, o Museu promove um encontro entre o colonizado e o colonizador, transportando o visitante para um mundo em que até a antropofagia era permitida.
Em apenas uma sala, o Museu do Encontro oferece aos visitantes informações preciosas sobre o o processo de colonização da região, e seus reflexos até os dias atuais. "É preciso que a pessoa entenda o Museu, para que não veja apenas a antiguidade, mas para que faça uma reflexão a partir das peças que estão em exposição", explica Saint-Clair Gonçalves Dias, técnico de Gestão Cultural do Forte do Presépio.
Segundo ele, ao entrar no espaço, todo o acervo à esquerda do visitante é formado por objetos produzidos por povos nativos da Amazônia, que habitavam a região antes da chegada dos colonizadores. Em uma vitrine estão expostos machados, lâminas, raspadores e rocha usada para fazer fogo, que datam da idade da pedra.
Em outra vitrine há peças em cerâmica, confeccionadas por habitantes do Arquipélago do Marajó, que desapareceram 200 anos antes da ocupação europeia. São utensílios que representam ícones da natureza. Algumas dessas peças eram usadas como urnas funerárias, para sepultamento secundário, e outras eram para servir oferendas às divindades durante rituais religiosos.
O sepultamento secundário, informa o técnico, consistia em pegar apenas os ossos do morto, após a decomposição, pintar de vermelho e colocar nas urnas, junto com os pertences pessoais, e fazer um novo sepultamento. Saint-Clair afirma que essa prática não era apenas da cultura marajoara, mas de outros grupos.
Muiraquitã - O Museu dedica uma vitrine especial às várias técnicas de fabricação do muiraquitã, amuleto que segundo a lenda era ofertado pelas amazonas aos guerreiros com quem se relacionavam. As peças expostas foram produzidas a partir de vários tipos de minerais, como jadeíta, nefrita, actinolita e amazonita.
"O que se percebe é que onde essas pedras de muiraquitã foram encontradas, próximo às regiões do Marajó e Santarém (oeste do Pará), não havia fragmentos. Então, provavelmente eram produzidas em outro lugar, para servir de instrumento de troca com os grupos humanos que habitavam aquelas áreas", comenta.
Durante o trajeto pelo Museu, fica claro para o visitante que, ao passar para o outro lado do espaço, vai virar "uma página" da história da Amazônia, contatada por objetos anteriores à colonização. Depois, ficará diante da documentação deixada pelos colonizadores, por meio de quadros e fotografias.
A antropofagia é retratada nas telas. O que hoje pode parecer crueldade, para os nativos era um ritual de fortalecimento. Eles só comiam a carne daqueles que consideravam corajosos, e dessa forma acreditavam ficar mais fortes.
Após conhecer esse acervo instingante sobre a ocupação humana na Amazônia, o visitante ainda pode apreciar a vista da Baía do Guajará e do Ver-o-Peso, ao lado de um dos canhões no Forte do Presépio.
Serviço: O Museu do Encontro faz parte do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIM), e funciona de terça-feira a domingo, de 10h às 16h. O ingresso custa R$ 2,00, com meia entrada para estudantes. Às terças-feiras a visitação é gratuita, assim como para idosos e menores de 10 anos. O Museu também recebe visitas de estudantes, previamente marcadas pela direção das escolas.
Edna Nunes - Secom

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