terça-feira, 19 de outubro de 2010

ONU inaugura encontro sobre biodiversidade no Japão.


De Kyoko Hasegawq (AFP)

TÓQUIO — Uma conferência das Nações Unidas sobre diversidade biológica iniciou seus trabalhos nesta segunda-feira em Nagoya (centro da Japão) para buscar soluções destinadas a prevenir a perda de espécies animais e vegetais.
A 10ª Conferência da Convenção sobre a Diversidade Biológica reúne durante 12 dias o conjunto dos países que assinaram este tratado adotado na Cúpula da Terra do Rio de 1992, a Eco-92.
“Vamos discutir sinceramente sobre o futuro da Terra para encontrar uma solução”, declarou nesta segunda-feira o ministro japonês do Meio Ambiente, Ryu Matsumoto, ao pronunciar o discurso de abertura.
Os delegados terão de reconhecer que, até o momento, fracassaram em concretizar os objetivos fixados na primeira conferência celebrada em 1992.
O ritmo de extinção das espécies é agora muito mais elevada que no passado, recordou a ONU, que atribui esse fenômeno à superexploração dos recursos, à poluição, à modificação dos hábitats e as mudanças climáticas.
Uma espécie de anfíbios em cada três, mais de um pássaro em cada oito, mais de um mamífero em cada cinco e mais de uma espécie conífera em cada quatro estão ameaçadas de extinção.
O empobrecimento também afeta os genes e os ecossistemas, uma verdadeira ameaça para muitos setores, em primeiro lugar o da alimentação.
“Chegou a hora de passar à ação e é preciso fazer isso aqui”, alertou Ahmed Djoghlaf, secretário executivo da Convenção.
“Proteger as florestas protege as espécies, mas também ajuda a absorver as emissões de dióxido de carbono que provocam as mudanças climáticas”, acrescentou Djoghlaf.
“Nossa prosperidade e nossa sobrevivência dependem de ecossistemas saudáveis”, declarou, por sua parte, Jim Leape, chefe do Fundo Mundial para a Natureza (WWF).
Os delegados vão estudar três assuntos-chave: fixar novos objetivos para frear a perda de espécies antes de 2020, encontrar um acordo internacional sobre as condições de acesso das indústrias do Norte aos recursos genéticos do países do Sul, esboçar a evolução da ajuda aos países mais pobres para proteger os recursos naturais.
A busca de um marco jurídico para repetir equitativamente os benefícios obtidos pela exploração dos recursos genéticos - essencialmente plantas, com aplicações farmacêuticas, a química e a cosmética - estará no centro dos debates.
A assinatura de um “protocolo ABS”, siglas em inglês para Access and Benefits Sharing (acesso e partilha de vantagens), cuja negociação começou em 2002, dará a pauta do fracasso ou êxito do encontro de Nagoya.
“Para nós não é aceitável ir a Nagóia oya e não conseguir um protocolo ABS”, advertiu no início de outubro a ministra brasileira do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
De forma mais ou menos específica, vários países do hemisfério sul vincularam esta negociação à da criação de um “IPCC da biodiversidade”, que permitirá, tal como acontece na luta contra as mudanças climáticas, dispor de um instrumento de medida confiável para guiar os políticos na tomada de decisões.
Batizado de IPBES, este organismo poderá ser aprovado pela assembleia geral das Nações Unidas antes do final de sua 65ª sessão em dezembro.

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