sábado, 6 de novembro de 2010

Sebrae investirá R$ 27 milhões até 2013 em projetos da cadeia de orgânicos.

Para especialistas, é preciso investir na cadeia do setor para aumentar a área plantada em todo o mundo


O Sebrae irá investir nos próximos três anos cerca de R$ 27 milhões em projetos voltados exclusivamente para o setor de produtos orgânicos no Brasil, segundo a gestora da carteira de orgânicos do Sebrae, Newman Costa. Atualmente, o Sebrae apoia 54 projetos em 27 Estados brasileiros, com recursos de R$ 17 milhões.
– No período 2011-2013, serão aportados mais R$ 10 milhões para investimentos em novos projetos – avaliou.
Newman participou nesta quarta, dia 3, da abertura da BioFach América Latina/ExpoSustentat 2010, que ocorreu até esta sexta, dia 5, em São Paulo. A feira é um das maiores do setor na América Latina e uma preparação para as empresas brasileiras da Biofach Alemanha, a maior feira do mundo no segmento.
Atualmente, a Alemanha é o segundo maior consumidor de produtos orgânicos no mundo, mas também o segundo maior importador, perdendo apenas para os Estados Unidos. Segundo o diretor executivo do International Federation of Organic Agriculture Movements (Ifoam), Marcus Arbenz, no mundo todo há 60 milhões de hectares com produtos orgânicos. Deste total, o Brasil possui apenas 1,7 milhão de hectares, mas o espaço para crescer é grande.
– A produção no Brasil ainda é pequena, mas é preciso ver em longo prazo. Com seu tamanho e condições, o Brasil pode ajudar a combater a pobreza no mundo – disse.
Os orgânicos no País crescem ao ritmo de 20% ao ano, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a produção está diretamente vinculada à agricultura familiar.
Para se ter uma idéia da posição relativa do Brasil, as pequenas Ilhas Malvinas (Falklands), no Oceano Atlântico, têm 30% de sua terra agricultável destinados aos orgânicos. Na América Latina, são oito milhões de hectares. A líder é a vizinha Argentina, com quatro milhões de hectares.
EscalaSegundo Arbenz, mesmo com a crise mundial o mercado de orgânicos na Europa não foi muito prejudicado.
– Excluindo o Reino Unido, a maioria dos países teve aumento na produção e consumo de orgânicos – avaliou.
Para o deputado distrital eleito Joe Valle, presidente do Sindicato dos Produtores Orgânicos do Distrito Federal, o crescimento mundial da agricultura orgânica mostra um caminho que o Brasil precisa trilhar. Ele disse que irá propor a criação de uma Frente Parlamentar da Agroecologia Ambiental, com o objetivo que focar em toda a cadeia produtiva dos orgânicos.
– Hoje o foco está muito voltado para a certificação de produtos. Precisamos avançar em políticas voltadas para toda a cadeia – defendeu.
Aumentar a escala da cadeia dos produtos orgânicos em todo o mundo é uma preocupação dos especialistas do setor. Segundo Arbenz, os orgânicos não podem perder a credibilidade.
– Temos reportagens nos principais jornais do mundo tentando mostrar as fragilidades dos produtos orgânicos. Precisamos fazer com que essa credibilidade hoje não seja abalada. Além disso, não podemos ser mais do mesmo. Precisamos inovar e sermos uma alternativa orgânica – concluiu Arbenz.
Preço
Um das dificuldades enfrentadas, segundo Nicolas Bretand, da organização sem fins lucrativos Cluster Rhone-Alpes, da França, é o preço do produto orgânico.
– Trabalhamos tanto na área de alimentação como de cosméticos e somos muito criticados pelos preços dos produtos, que chegam a custar 50% a mais do que um produto similar convencional – avaliou Bretand.
Bertrand critica também a baixa produção. Segundo ele, não há matéria-prima suficiente.
– Nós importamos 38% de produtos orgânicos. Precisamos ser mais profissionais. Hoje em dia ser só orgânico não é suficiente. É preciso criar mecanismos de marketing para divulgar os produtos.
Para ele, o orgânico deve trazer "histórias", respeitar o comércio justo, ser coerente com o conceito de sustentabilidade, como ter uma embalagem que respeite o meio ambiente, além de ser acessível e ter boa qualidade.

AGÊNCIA SEBRAE

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