Aline Bosio
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No ABC, por exemplo, cidades como Santo André, São Caetano e Diadema utilizam este tipo de água para realizar trabalhos como limpeza de rua após a realização de feiras ou transbordamento de rios e manutenção de parques.
São Caetano assinou em 2001 um convênio com a Sabesp de reutilização de água não potável, originária da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) do ABC para fins urbanos. Utilizando este recurso, a prefeitura economiza aproximadamente três mil m3 de água potável por mês. A cidade utiliza 500 m3 desta água por mês e paga R$ 0,48 por metro cúbico. Santo André utiliza 780 m3 por mês e paga o mesmo valor que a vizinha São Caetano. Um metro cúbico é equivalente a mil litros.
"Utilizar água de reúso é uma oportunidade de economizar recursos naturais e gerar economia no bolso de quem a usa", explica a gerente de Saneamento da Alpina Ambiental, empresa localizada em Diadema especializada no assunto, Sônia Ticianeli Mucciolo.
Segundo ela, cada vez mais as empresas estão interessadas em ter um sistema para reaproveitar a água, seja para economizar nos gastos ou até mesmo para conquistar certificações verdes. "Os interessados têm duas opções: ou compram de concessionárias, como a Sabesp, ou montam pequenas estações de tratamento na própria companhia", completa Sônia.
O tempo de retorno do investimento nas estações de tratamento pode variar de um a dois anos após a instalação do sistema. "Para grandes consumidores é possível implantar todo o sistema sem custos, sendo feita apenas uma cobrança mensal de acordo com o consumo", lembra.
Tipos de reúso
A reutilização de água pode ser direta ou indireta. O reúso indireto ocorre quando a água, utilizada em alguma atividade humana, como esgoto, é tratada para ser reutilizada. "Já o direto ocorre quando a água utilizada para o resfriamento de torres, por exemplo, é utilizada para outros fins, como lavagem de pátios, sem ter passado por tratamento", explica a diretora de Saneamento da Alpina Ambiental.
A água reciclada pode ser aplicada em irrigação paisagística, como parques, cemitérios, campos de golfe e demais tipos de gramados; irrigação de campos para cultivo, como plantas alimentícias e viveiros de plantas ornamentais; usos industriais, como refrigeração, alimentação de caldeiras e água de processamento; e usos urbanos não-potáveis, como combate ao fogo, descarga de vasos sanitários, sistemas de ar condicionado, lavagem de veículos e de ruas.
De acordo com a Cetesb, as águas de chuva são encaradas pela legislação brasileira como esgoto, pois ela usualmente vai dos telhados e dos pisos para as bocas de lobo onde, como solvente universal, carrega impurezas para o córrego, que vai desembocar em um rio que, por sua vez, chegará até uma captação para Tratamento de Água Potável.
Por este motivo, para uso humano, inclusive como água potável, ela deve sofrer filtração e cloração, o que pode ser feito com equipamentos simples e baratos. Esta utilização é especialmente indicada para o ambiente rural, chácaras, condomínios e indústrias. O custo da água nas cidades, pelo menos para residências, inviabiliza qualquer aproveitamento econômico da água de chuva para beber. Já para indústrias, onde a água é mais cara, o aproveitamento da água de chuva é usualmente viável.
Controle
São Bernardo não utiliza água de reúso, entretanto a prefeitura, em parceria com a Sabesp, implementou o Pura (Programa de Uso Racional da Água), que atende 30 prédios municipais como escolas, prontos-socorros, teatros, entre outros. Funcionários destes equipamentos enviam suas leituras de água duas vezes por semana, durante todo o mês, para fazer um controle efetivo do consumo de água.
Santo André quer construir estação de tratamento
O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) aguarda o resultado final da avaliação de dois projetos apresentados para o governo estadual, por meio do Programa Reágua, da Secretaria de Saneamento e Energia, para saber se terá um sistema de captação e reaproveitamento de água e uma estação de tratamento e reúso de água instalados na cidade.
Os recursos financeiros, que somam US$ 130 milhões financiados pelo Bird (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) e pelo governo estadual, apoiarão projetos em municípios das cinco bacias de maior escassez hídrica.
"Um dos projetos trabalha nos equipamentos públicos, principalmente escolas, e consiste da captação de água da chuva e de pia para serem utilizadas nas descargas", esclarece o superintendente adjunto do Semasa, Dovílio Ferrari Filho. Junto com isso está atrelado um programa de conscientização do uso racional da água.
Além disso, há a intenção de construir uma estação de tratamento e reúso de água no Braço do Rio Grande, na Represa Billings. "Com esta estação, o esgoto de bairros localizados naquela região, como Parque Miami e Recreio da Borda do Campo, que atualmente são levados por coletores até a estação de tratamento, percorreria um caminho muito mais curto, o que beneficiaria diretamente a população local, que está localizada em área de manancial", completa.
Filho salienta, porém, que os projetos ainda estão em análise. Se aprovados pelo menos 70% de todo o investimento será proveniente do Bird.
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