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A tradição manteve-se durante séculos. “Todas as noites, as famílias revezavam-se para sair e recolher os ovos” que tinham sido acabados de pôr, lembra La Brani, chefe da ilha de Runduma.
Parte do dinheiro da venda servia para pagar as despesas de uma povoação daquela ilha do arquipélago de Wakatobi, onde vivem 500 habitantes, a maioria pescadores pouco afortunados.
Mas, há quatro anos, estes alteraram a sua estratégia: de caçadores de ovos passaram a defensores das tartarugas. Abandonaram as suas saídas nocturnas à praia e comprometeram-se a proteger este importante local de nidificação, entre os oceanos Pacífico e Índico.
“Deixei de apanhar os ovos em 2005, depois de ter tomado consciência de que, se continuássemos, as gerações futuras não saberiam o que é uma tartaruga”, lembra Hatipa, 42 anos. Pagos a mil rupias (6 cêntimos) cada, os ovos permitiam-lhe enviar os seus dois filhos à escola.
Graças a um acordo concluído com a administração e associações de defesa do Ambiente, esta perda de receitas foi compensada com o envio de professores, a assinatura de vários acordos e a organização de visitas de personalidades famosas (cantores, modelos) para conhecerem mais sobre este projecto ambiental.
Os visitantes são incentivados a, simbolicamente, adoptar uma ninhada por algumas dezenas de dólares, explica Purwanto, o coordenador do programa gerido em conjunto com a WWF e a organização Nature Conservancy.
Os primeiros resultados são encorajadores. As populações de tartarugas verdes e tartarugas-bobas recomeçaram a crescer no Sul da ilha de Sulawesi. No ano passado, cerca de 300 tartarugas puseram cerca de três mil ovos na ilha de Anano, a mais próxima da povoação de Runduma. Cerca de 80 por cento deram origem a crias de tartaruga, disse Purwanto.
Toda a população está mobilizada. “Introduzimos o ensino das ciências do Ambiente nos programas escolares”, salienta o chefe do distrito de Wakatobi, Hugua.
Mas se Anano se tornou um caso de sucesso, as tartarugas continuam a ser caçadas no resto do imenso arquipélago indonésio. As associações lamentam que raramente sejam aplicadas as leis que prevêem uma multa de dez mil dólares e uma pena de prisão que pode chegar aos cinco anos para o roubo de ovos.
Além disso, as sete espécies de tartarugas marinhas que vivem em todos os oceanos, à excepção do Árctico, estão ameaçadas pela poluição (especialmente sacos de plástico), destruição dos recifes de coral e as capturas acidentais pelas artes de pesca.
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