sexta-feira, 26 de junho de 2009

Testes desmentem alegações sobre qualidade do ar de Pequim

26 de junho de 2009
Apesar das críticas, Pequim divulgou na semana passada que estava a meio caminho de seu objetivo de 260 dias com qualidade do ar excelente ou muito ...
Apesar das críticas, Pequim divulgou na semana passada que estava a meio caminho de seu objetivo de 260 dias com qualidade do ar excelente ou muito boa
26 de junho de 2009
Nature

Pequim passou os preparativos para os Jogos Olímpicos de 2008 alegando que o ar da cidade havia sido drasticamente limpo, mas tais medidas estão agora sendo questionadas.

Usando um Índice de Poluição Atmosférica, API, na sigla em inglês, para o qual a pontuação de 100 ou menos indica uma qualidade "boa" do ar, todos os 17 dias de eventos olímpicos em Pequim passaram no teste. No geral, a cidade atingiu o recorde de 274 dias com boa qualidade do ar em 2008.

O API pode ser calculado de diversas maneiras; o de Pequim inclui medições de dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e partículas com menos de 10 micrômetros de diâmetro ¿ chamadas de PM10. Polemicamente, Pequim não havia considerado anteriormente medições do nível de ozônio para calcular os índices e não aponta o nível de partículas com menos de 2,5 micrômetros de diâmetro (conhecidas como PM2,5). Tanto ozônio quanto PM2,5 têm impactos potencialmente negativos na saúde.

Agora, Jian Wang da divisão de prevenção à poluição do Ministério chinês do Meio Ambiente admitiu que a visibilidade nas cidades orientais da China está se deteriorando. Ele diz que a causa é a poluição por ozônio e, especialmente, por PM2,5.

"PM2,5 é a culpada pela neblina", ele disse ao jornal oficial do governo, China Daily, em 5 de junho. "Escapamentos de veículos que contêm carbono negro, sulfatos e nitratos contribuem muito para a densidade de PM2,5, que é mais prejudicial ao sistema respiratório do que PM10", afirmou. Ele acrescentou que o ministério em breve passará a incluir ozônio e PM2,5 em seu cálculo de API, com projetos-piloto de monitoramento das partículas previstos para começar nos rios Amarelo e das Pérolas no ano que vem.

"Isso é uma grande reviravolta", disse Steven Andrews, consultor ambiental que, em setembro de 2006, veio a Pequim por meio da organização Princenton-in-Asia para passar um período de 12 meses.

Andrews diz que a atenção ao ozônio e às partículas PM2,5 é bem-vinda, mas teme que os dados não sejam reportados abertamente. Ele conta que a Agência de Proteção Ambiental Municipal de Pequim costumava divulgar as leituras de ozônio, mas deixou de fazê-lo em 2002.

Ailun Yang, do escritório do Greenpeace em Pequim, acredita que a falha em divulgar os dados é provavelmente uma decisão política. Tendo visitado a Agência de Proteção Ambiental Municipal de Pequim recentemente, ela observa que "eles têm tecnologia de ponta. Eles deveriam ser capazes de fazer qualquer coisa."

Um sopro de ar fresco
No ano passado, Andrews acusou a agência ambiental de Pequim de retirar algumas das sete estações de monitoramento do ar para melhorar os resultados do API. Em um artigo no periódico Environmental Research Letters, ele alegou que duas estações que mediam emissões de veículos - a maior fonte de poluição do ar, segundo a agência - foram retiradas da lista do API em 2006 e que outras três foram adicionadas em áreas mais limpas fora do centro da cidade. Oficiais de Pequim negam a acusação. Andrews afirma que agora não há como provar o ocorrido porque os dados de locais de monitoramentos individuais, que eram disponibilizados online desde janeiro de 2003, foram removidos.

Andrews também aponta que um número consideravelmente alto de dias possui um API apenas ligeiramente abaixo do limiar crucial de 100 pontos. Durante 2006 e 2007, Pequim relatou um total de 107 dias com API entre 96 e 100, e apenas sete dias com um índice entre 101 e 105.

Oficiais de Pequim atribuem isso à sua capacidade de cortar elevações de curto prazo na poluição tendo como alvo certas fábricas. Mas, em uma análise nacional publicada em maio, Andrews acusa oficiais locais da China de manipular dados para cumprir com as metas do API. Em 2007, as cidades de Chengdu e Xian, por exemplo, tiveram 52 e 48 dias, respectivamente, com API entre 96 e 100, e nenhum dia com um índice entre 101 e 105.

Apesar das críticas em torno do API, Pequim divulgou na semana passada que estava a meio caminho de seu objetivo de 260 dias com qualidade do ar excelente ou muito boa este ano.

Tradução: Amy Traduções

Nature

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