segunda-feira, 12 de abril de 2010

Plano estratégico do Porto Digital, no Recife, une empresas de tecnologia com negócios ligados a moda, cinema, design e propaganda.

Pernambuco cria polo de economia criativa

Alexa Salomão, do Recife | 12/04/2010 05:59

Hoje, poucos centros tecnológicos no mundo desfrutam do prestígio e do reconhecimento internacional do Porto Digital, polo de produção de software, localizdo no Recife. No ano passado, a revista americana BusinessWeek, uma das mais prestigiadas publicações de economia do mundo, considerou o Porto Digital um dos dez lugares do planeta onde se pensa o futuro do mundo – aliás, o único brasileiro. A consultoria A.T.Kearney, especializada em TI, já o elegeu o maior e mais rentável parque tecnológico do País. A Microsoft encontrou entre suas empresas um banco de talentos. No encalço do Porto Digital, a fabricante de celulares Nokia instalou na capital pernambucana um de seus centros de pesquisa. A maior fabricantes de celulares do mundo entende que a troca de experiências geradas no Recife serve de caldo cultural à inovação. “Na sua essência, o Porto Digital é um espaço para a geração, troca e multiplicação de conhecimento”, diz Sandro Alves, gerente de projetos do Instituto Nokia de Tecnologia.

Foto: Jorge Luiz Bezerra
A geração do conhecimento: 4 mil pessoas, com idade média de 25 anos e curso superior completo, prestam serviços a grandes empresas como Petrobras, General Motors e IBM
Em março, o Porto Digital completou dez anos e, nas próximas semanas, seus gestores anunciam o planejamento para mais uma década de vida - tarefa que pode ser considerada tão ousada quanto foi a criação do polo de tecnologia no Nordeste do País. O projeto estabelece os passos para transformar o Porto Digital no primeiro centro de economia criativa do País. O que se convencionou chamar de economia criativa é a geração de produtos e de serviços baseados no conhecimento e na capacidade intelectual.

Entre exemplos de atividades ligadas à economia criativa estão moda, design, publicidade e propaganda, bem como tudo que gira no seu entorno, como escritórios de advocacia especializados em direito autoral e registro de marcas. Segundo estudos das Nações Unidas, a economia criativa movimenta no mundo cerca de US$ 1,5 trilhão por ano. A Inglaterra, que há mais de 20 anos investe nesse segmento e tem um dos maiores polos na área, criou um ministério para acompanhar indústrias criativas.

Foto: Jorge Luiz Bezerra Ampliar
Francisco Saboya, diretor presidente do Porto Digital: "Em 10 anos vamos criar um centro de referência em economia criativa no Recife."
“Já somos respeitados na produção de vídeo games e temos empresas de design e de audiovisual”, diz Francisco Saboya, diretor presidente do Porto Digital. “Vamos atrair um número maior de negócios dessas áreas e trazer empresas de outros setores, como moda, cinema e publicidade para criar em dez anos um centro de referência em economia criativa.” A proposta é integrar o trabalho desses novos negócios com a produção de software das empresas de tecnologia já instaladas no Porto Digital. “Vamos fazer o casamento entre cultura e tecnologia”, diz Saboya.
Na primeira fase, estão previstos investimentos de R$ 8 milhões em infraestrutura. A maior parte desses recursos será usada na construção de laboratórios especializados na finalização de filmes e vídeos. “Hoje Pernambuco tem bons trabalhos na área de criação, mas filmes e vídeos precisam ser finalizados em São Paulo”, diz Saboya. “Concentrar a produção aqui é o primeiro passo para atrair novas empresas.”

Do açúcar ao software
Atualmente, no conjunto, o Porto Digital reúne 135 empresas de médio e pequeno porte instaladas em 12 prédios históricos. Entre seus quase 300 clientes, no entanto, estão as maiores empresas do País e do mundo. São companhias como Unilever, Petrobras, General Mortors do Brasil e IBM, além órgãos públicos como Banco Central e Receita Federal.
A sede fica em um prédio que há 200 anos funcionava como depósito de açúcar. No interior do conjunto arquitetônico há oito quilômetros de cabos de fibra de ótica que atendem a produção de quatro mil funcionários com idade média de 25 anos - 85% deles tem curso superior completo e 20% algum tipo de pós-graduação, como mestrado e doutorado.
O contraste entre passado e futuro é uma provocação intencional. “Colocamos lado a lado dois momentos econômicos distintos”, diz Saboya. “A economia tradicional dos tempos do Brasil colônia, baseada na exploração da terra e do trabalho, que ficou para trás, e a economia criativa do século 21, inspirada na inovação e na geração de conhecimento.”

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